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Índia e Paquistão mantêm cessar-fogo e iniciam diálogo militar após dias de confronto na Caxemira

Reunião entre chefes militares ocorre após cessar-fogo mediado pelos EUA

Pessoal da Força de Segurança de Fronteira monta guarda na passagem Attari-Wagah na fronteira entre a Índia e o Paquistão em Amritsar - 25/04/2025 (Foto: REUTERS/Pawan Kumar)
José Reinaldo avatar
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247 - Após quatro dias de intensos confrontos na região da Caxemira, os chefes das operações militares da Índia e do Paquistão se reúnem nesta segunda-feira (12) para discutir os próximos passos e tentar consolidar o cessar-fogo estabelecido no sábado. A informação foi divulgada pela agência Reuters.

O diálogo ocorre depois que uma relativa calma voltou à fronteira, considerada uma das mais militarizadas do mundo, marcada por décadas de tensão e disputas territoriais. 

O cessar-fogo, anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, foi estabelecido após intensa troca de mísseis e ataques com drones entre os dois países, que deixou dezenas de civis mortos e reacendeu temores de uma escalada militar entre as potências nucleares. Nova Déli acusa Islamabad de ser responsável por um atentado que matou 26 turistas, mas o Paquistão nega envolvimento e pede uma investigação independente.

No domingo (11), o Exército indiano informou que aquela foi a primeira noite sem explosões ou tiros após dias de hostilidades. Ainda assim, as autoridades locais mantiveram escolas fechadas em áreas próximas à linha de controle, por precaução. 

Segundo uma autoridade militar indiana, cujo nome não foi revelado, Nova Déli enviou no domingo uma comunicação direta ao Paquistão sobre as violações do cessar-fogo ocorridas no dia anterior. “Deixamos claro que responderemos a qualquer nova provocação”, disse o oficial. Por outro lado, um porta-voz do Exército paquistanês negou que tenha havido qualquer violação.

De acordo com o governo indiano, os ataques lançados na última quarta-feira atingiram nove pontos de “infraestrutura terrorista” no território paquistanês e na Caxemira administrada pelo Paquistão. Islamabad rebateu, afirmando que os alvos eram civis e que os bombardeios causaram mortes e destruição em áreas residenciais. 

Enquanto isso, o governo paquistanês agradeceu publicamente o esforço diplomático de Washington e a mediação oferecida por Trump. Nova Déli, no entanto, não comentou o papel dos EUA nem a proposta de negociações em local neutro, reafirmando sua posição histórica de que o conflito deve ser resolvido bilateralmente, sem interferência externa.

A tensão recente entre os dois países reacende um histórico de conflitos armados que se arrastam desde a partilha do subcontinente indiano, em 1947. Índia e Paquistão já travaram três guerras em torno da Caxemira — em 1947, 1965 e 1999 —, além de numerosos confrontos menores ao longo da Linha de Controle, a fronteira de fato na região montanhosa. 

Ambos os países governam parcialmente a região da Caxemira, mas a reivindicam em sua totalidade. Nova Déli acusa o Paquistão de apoiar militarmente grupos separatistas em sua parte do território, uma alegação que Islamabad rejeita, afirmando prestar apenas apoio moral e político à causa caxemires.

A trégua atual, embora celebrada como uma vitória diplomática momentânea, é vista por analistas como frágil diante da profundidade das desconfianças mútuas e da ausência de uma agenda de paz consistente. Ainda não está claro se a reunião desta segunda-feira resultará em compromissos mais duradouros, mas a retomada do diálogo militar é um passo importante para evitar uma escalada ainda maior do conflito.

A comunidade internacional acompanha com atenção os desdobramentos. A instabilidade na Caxemira não apenas ameaça a segurança regional como tem potencial para envolver outras potências, como a China — aliada estratégica do Paquistão — e os Estados Unidos, cujo envolvimento diplomático agora parece mais ativo do que em momentos anteriores.

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