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Hamas denuncia expansão de colônias israelenses como limpeza étnica

Movimento palestino afirma que confisco de terras na Cisjordânia ocupada integra plano sistemático de anexação e deslocamento da população local

Abdul Rahman Shadid, da Direção do Hamas, denuncia a limpeza étnica executada por Israel (Foto: Hispan TV)

247 - Abdul Rahman Shadid, um dos líderes do Movimento de Resistência Islâmica Palestina (Hamas) denunciou o avanço dos  confiscos de terras promovidos por Israel na Cisjordânia ocupada, classificando essa política como parte de um processo contínuo de deslocamento forçado da população palestina e limpeza étnica. Segundo a organização, a recente intensificação dessas medidas revela uma estratégia deliberada de expansão territorial e exclusão dos habitantes originários da região.

A denúncia foi divulgada em comunicado reproduzido pela emissora internacional HispanTV, no qual Abdul Rahman Shadid, membro sênior do Hamas, afirmou que a política israelense de apropriação de terras representa uma forma explícita de “limpeza étnica”, voltada a alterar a composição demográfica da Cisjordânia ocupada.

De acordo com Shadid, o aumento dos confiscos demonstra a determinação de Israel em prosseguir com políticas sistemáticas de tomada de terras, inseridas em um plano mais amplo de anexação e deslocamento populacional. Ele destacou que a recente apreensão de áreas palestinas na aldeia de Al-Mughayyir, próxima a Ramallah, integra um projeto abrangente de colônias destinado a isolar vilarejos palestinos de seu entorno natural.

No comunicado, o dirigente do Hamas explicou que esse plano se apoia no confisco de terras agrícolas, na abertura de estradas exclusivas para colonos e na ampliação dos colonatos já existentes. Segundo ele, essas ações ameaçam diretamente os meios de subsistência da população local, enfraquecem sua capacidade de resistência e transformam a terra em um instrumento de pressão e extorsão.

Shadid também afirmou que a medida israelense “constitui um crime de guerra em larga escala”, ao preparar o terreno para uma expansão ainda maior dos assentamentos na Cisjordânia ocupada. Recentemente, Israel aprovou a criação de 19 novas colônias na região, elevando para 69 o número dessas instalações nos últimos três anos, segundo dados citados pelo Hamas.

A Cisjordânia permanece sob ocupação israelense desde 1967, após a Guerra dos Seis Dias. A situação de segurança na região se agravou desde outubro de 2023, com o início da guerra genocida conduzida por Israel contra a população da Faixa de Gaza, contexto que contribuiu para a intensificação da violência e das ações de ocupação em territórios palestinos.

No mesmo comunicado, o Hamas apelou à comunidade internacional e aos organismos multilaterais para que adotem medidas imediatas capazes de barrar os planos de assentamento de Israel. A organização afirmou que é necessário ir além de “meras expressões de preocupação e condenações formais”, exigindo ações concretas para interromper a expansão das colônias.

A maior parte da comunidade internacional considera ilegais os assentamentos israelenses em territórios ocupados desde 1967, posição respaldada por diversas resoluções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. O secretário-geral da ONU, António Guterres, já classificou esses assentamentos como “ilegais e inválidos”. Apesar disso, Israel tem rejeitado os apelos internacionais e dado continuidade à ampliação das colônias, ações que, segundo a ONU e numerosos países, comprometem a viabilidade da criação de um Estado palestino.

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