Hamas confirma acordo com Israel e faz pedido a Donald Trump
Segundo o movimento de resistência palestino, o acordo prevê o 'fim do genocídio em Gaza, a entrada de ajuda humanitária e a troca de prisioneiros'
247 - O movimento palestino Hamas afirmou nesta quarta-feira (8) ter alcançado um acordo para encerrar a guerra na Faixa de Gaza e garantir a retirada das tropas israelenses do enclave palestino. O grupo pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que obrigue Israel a cumprir o pacto.
“Após negociações sérias e responsáveis conduzidas pelo movimento e pelas facções da resistência palestina em torno da proposta do presidente Donald Trump em Sharm el-Sheij, com o objetivo de pôr fim à guerra genocida contra o povo palestino e garantir a retirada das forças de ocupação da Faixa de Gaza, o Hamas anuncia ter alcançado um acordo que contempla o fim do genocídio em Gaza, a retirada dos ocupantes, a entrada de ajuda humanitária e a troca de prisioneiros.”
Pelos termos do acordo, os reféns mantidos pelo grupo desde 7 de outubro de 2023 na Faixa de Gaza serão libertados. O presidente dos EUA, Donald Trump, também se pronunciou e confirmou a proposta.
Segundo o acordo, Hamas ganha anistia, desde que entregue armas. Não poderá participar do governo de Gaza. O território deve ter um governo temporário de transição formado por um comitê palestino tecnocrático e apolítico, para fazer a gestão de serviços públicos.
O comitê deve ser composto por palestinos considerados “qualificados” e especialistas internacionais. E ficará sob supervisão do chamado "Conselho da Paz", chefiado por Trump.
Aumento dos protestos e bloqueio de ajuda humanitária
Os protestos contra Israel cresceram em meio às restrições impostas à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Forças israelenses interceptaram embarcações que transportariam alimentos e medicamentos para o território. Na segunda-feira (6), Israel deportou a ativista sueca Greta Thunberg junto com outros 170 militantes que estavam sob custódia. Ao todo, mais de 400 pessoas chegaram a ficar sem paradeiro após as operações contra as flotilhas.
Dados sobre vítimas e situação humanitária
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informou nesta quarta-feira (8) que aproximadamente 64 mil crianças morreram ou ficaram feridas no conflito em Gaza desde outubro de 2023, incluindo cerca de mil bebês. Segundo o Ministério da Saúde local, mais de 66 mil palestinos de diferentes faixas etárias morreram em dois anos de confrontos.
As hostilidades também impactaram o fornecimento de itens essenciais ao território. Em 22 de agosto, a Organização das Nações Unidas (ONU) relatou que mais de 500 mil pessoas em Gaza enfrentam fome, caracterizando a primeira declaração oficial de insegurança alimentar dessa gravidade no Oriente Médio.
Trâmite internacional na Corte de Haia
Em dezembro de 2023, a África do Sul apresentou denúncia contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), alegando descumprimento da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. O país solicitou medidas cautelares contra autoridades israelenses, sustentando que a ofensiva militar e a crise humanitária violavam obrigações do tratado. Israel rejeitou as acusações, argumentando autodefesa. O Brasil manifestou apoio ao processo aberto por Pretória.
Em janeiro de 2024, a CIJ determinou que Israel adotasse medidas para impedir atos que pudessem configurar genocídio, além de coibir incitações ao ódio e permitir o ingresso de ajuda humanitária. O tribunal, no entanto, não acolheu o pedido para suspender as operações militares.
Em novembro de 2024, a CIJ emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, contra o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant e contra dirigentes do Hamas, todos sob acusação de crimes de guerra. Tanto Israel quanto o Hamas negaram envolvimento em violações ao direito humanitário internacional.