Guerra tarifária: "EUA e China fecham acordo para reduzir déficit comercial", dizem autoridades americanas
Detalhes serão divulgados na segunda-feira (12)
GENEBRA (Reuters) – O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou neste domingo que houve “progresso substancial” nas negociações com os principais responsáveis pela política econômica da China, com o objetivo de amenizar a guerra comercial que vinha causando prejuízos às duas maiores economias do mundo. No entanto, ele não antecipou detalhes do acordo fechado ao final de dois dias de reuniões em Genebra.
Bessent declarou à imprensa que os detalhes serão apresentados na segunda-feira e que o presidente Donald Trump estava plenamente informado sobre os resultados das “negociações produtivas”.
O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, que participou das conversas ao lado de Bessent, do vice-premiê chinês He Lifeng e de dois vice-ministros chineses, classificou o desfecho como “um acordo firmado com nossos parceiros chineses” que ajudará a reduzir o déficit comercial global dos EUA, hoje estimado em US$ 1,2 trilhão.
“Como o secretário ressaltou, foram dois dias muito construtivos. É importante notar a rapidez com que chegamos a um consenso, o que indica que talvez as diferenças não fossem tão grandes quanto se imaginava”, disse Greer, acrescentando que os negociadores chineses “foram duros, mas respeitosos”.
Essa foi a primeira reunião presencial entre Bessent, Greer e He desde que EUA e China impuseram tarifas superiores a 100% sobre bens de ambos os lados. Embora Bessent tenha afirmado que as tarifas bilaterais estão elevadas demais e precisam ser reduzidas para aliviar a tensão, ele não especificou quais cortes foram acordados e não respondeu a perguntas dos jornalistas.
Mais cedo, o conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse à Fox News que os chineses estavam “muito, muito ansiosos” para retomar o diálogo e reequilibrar a relação comercial com os EUA. Hassett também afirmou que novos acordos comerciais com outros países podem ser anunciados ainda nesta semana.
Na noite de sábado, o presidente Donald Trump celebrou os avanços nas negociações: “Uma reunião muito boa hoje com a China, na Suíça. Muitos temas discutidos, muito foi acordado. Um reinício total... de maneira amigável, porém construtiva”, escreveu em sua plataforma Truth Social. “Queremos ver, para o bem da China e dos EUA, uma abertura da China aos negócios americanos. MUITO PROGRESSO ALCANÇADO!!!”, acrescentou.
Em entrevista ao programa Sunday Morning Futures, da Fox News, Hassett reforçou que Pequim quer reconfigurar sua relação comercial com Washington. “Parece que os chineses estão muito, muito dispostos a jogar limpo e reestabelecer as bases”, afirmou.
Hassett mencionou ainda que, após o recente acordo com o Reino Unido, outros anúncios podem estar próximos. Ele foi informado pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick, sobre duas dezenas de acordos em negociação com o USTR Greer. “Todos seguem um padrão semelhante ao acordo com o Reino Unido, mas cada um tem suas particularidades”, explicou.
Negociações em mansão com vista para o Lago Genebra - As conversas entre os representantes dos dois países ocorreram em uma mansão na cidade de Cologny, nos arredores arborizados de Genebra, com vista para o Lago Genebra. Vans pretas da Mercedes, com sirenes ligadas, transportavam os delegados até o local, sob um céu ensolarado.
A Suíça, como país neutro, foi escolhida como sede após iniciativas de diplomatas suíços durante visitas recentes à China e aos Estados Unidos.
Washington busca reduzir seu déficit comercial de US$ 295 bilhões com Pequim e convencer o governo chinês a abandonar o que considera um modelo econômico mercantilista, além de contribuir mais com o consumo global — o que exigiria reformas internas sensíveis e politicamente delicadas na China.
Reportagem de Emma Farge, John Revill e Douglas Gillison. Texto de David Lawder. Edição: Kevin Liffey, Elaine Hardcastle, David Holmes e Bill Berkrot.
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