Google quer levar a inteligência artificial ao espaço com data centers orbitais
Projeto Suncatcher busca transformar satélites movidos a energia solar em centros de processamento de IA para reduzir o impacto ambiental
247 - O Google revelou um plano ambicioso para expandir sua infraestrutura de computação além dos limites da Terra. A empresa anunciou o projeto Suncatcher, que prevê o lançamento de processadores de inteligência artificial (IA) em órbita, transformando constelações de satélites movidos a energia solar em data centers espaciais. As informações são da RT.
A medida faz parte de uma iniciativa que pretende reduzir o consumo de energia e os impactos ambientais associados ao crescimento dos data centers terrestres. O objetivo é utilizar o espaço como ambiente ideal para operações de grande escala em IA.Segundo Travis Beals, diretor sênior do Google para Paradigmas de Inteligência, os satélites serão equipados com Unidades de Processamento de Turing (TPUs) — chips especializados em cálculos matemáticos complexos — e sistemas de comunicação a laser, também conhecidos como links ópticos em espaço livre.
“A IA é uma tecnologia fundamental que pode remodelar o nosso mundo, impulsionando novas descobertas científicas e ajudando-nos a enfrentar os maiores desafios da humanidade”, declarou Beals. Para ele, “o espaço pode ser o melhor lugar para escalar a computação de IA”.
Energia solar e sustentabilidade no espaço
A proposta do Google surge em um momento em que o consumo energético dos data centers cresce em ritmo acelerado, impulsionado pela demanda global por inteligência artificial. A empresa pretende explorar o potencial contínuo da energia solar em órbita, onde um painel pode gerar até oito vezes mais energia do que na superfície terrestre. Isso possibilitaria uma operação quase ininterrupta e mais limpa.
Os testes com satélites protótipos estão previstos para 2027, em parceria com a companhia Planet. Esses experimentos avaliarão o desempenho das TPUs no espaço e a eficiência dos sistemas de comunicação óptica entre satélites.
Um artigo técnico divulgado pelo Google detalha que a constelação será composta por satélites interligados em órbita baixa, maximizando a exposição solar e reduzindo a necessidade de baterias de grande porte. Essa configuração também deve garantir maior estabilidade no fornecimento de energia e menor dependência de recursos terrestres.
Desafios técnicos e ambientais
Apesar do entusiasmo, o projeto enfrenta desafios significativos. Entre eles estão a complexidade das comunicações entre satélites e o risco de contribuir para o aumento do lixo espacial. O documento técnico destaca a necessidade de formações compactas, com espaçamento de poucos quilômetros entre as unidades, para manter a conectividade constante.
Outro ponto sensível é a resistência dos chips às condições espaciais. Testes conduzidos pela empresa mostraram que as TPUs Trillium “sobrevivem a uma dose total de radiação ionizante equivalente a uma missão de cinco anos sem falhas permanentes”. Ainda assim, os custos de lançamento e manutenção de estruturas orbitais permanecem elevados.
Projeções para a próxima década
Estudos internos indicam que, até a década de 2030, o custo de operar um data center no espaço poderá se igualar ao gasto energético por quilowatt-hora dos centros instalados na Terra. Caso essas previsões se confirmem, o Google pode inaugurar uma nova era de computação limpa, global e livre das limitações ambientais do planeta.


