Google busca moldar políticas globais para IA com investimentos e parcerias educacionais

Reuters – O Google, parte do conglomerado Alphabet, anunciou um investimento de US$ 120 milhões em programas educacionais voltados para a inteligência artificial (IA). A empresa pretende influenciar políticas públicas e moldar a percepção sobre IA em um momento de intenso escrutínio regulatório. “Familiarizar governos, organizações e trabalhadores com ferramentas de IA cria melhores políticas e novas oportunidades. É um ciclo virtuoso”, declarou Kent Walker, presidente de assuntos globais da Alphabet.

Com a iniciativa, o Google busca não apenas promover a inclusão tecnológica, mas também mitigar os receios relacionados à automação, como a substituição em massa de empregos. A empresa lançou programas como o "Grow with Google", que já certificou 1 milhão de pessoas em habilidades técnicas, e pretende expandir seus cursos com ênfase em IA. Entre as novidades, estão programas voltados para professores e trabalhadores em busca de qualificação no mercado de tecnologia.

Regulações em foco e novos desafios

Embora a gigante da tecnologia esteja à frente na corrida pela inovação em IA, ela enfrenta pressões regulatórias significativas. Nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça busca desmembrar o navegador Chrome, enquanto na União Europeia há propostas para restringir práticas no setor de publicidade digital e IA. O ato europeu sobre IA, que impõe obrigações de transparência e avaliação de riscos, é outro ponto de tensão, já que pode acarretar multas bilionárias para grandes empresas.

Walker destacou a importância de parcerias público-privadas para desenvolver soluções práticas e escaláveis. “Queremos aumentar a experimentação nesse campo, como no programa ‘Skilled Trades and Readiness’, em que colaboramos com faculdades comunitárias para preparar trabalhadores para a construção de data centers com IA incorporada”, explicou.

Impactos no mercado de trabalho

Estudos realizados por Google, Goldman Sachs e McKinsey indicam que a IA será integrada em diversas profissões, embora um pequeno percentual de empregos possa ser completamente substituído. Para antecipar essas transformações, o Google contratou o economista David Autor, que estuda os impactos da IA no mercado de trabalho. “O histórico de reciclagem profissional de adultos não é animador, mas a IA pode revolucionar esse cenário, criando programas de treinamento mais imersivos, como simuladores de voo”, disse Autor.

Mesmo com as promessas de inovação, o Google ainda caminha em uma linha tênue entre promover avanços tecnológicos e enfrentar as consequências sociais e econômicas da automação. Ao priorizar a educação e parcerias estratégicas, a empresa espera moldar um futuro no qual a IA seja uma ferramenta para inclusão e desenvolvimento, e não um catalisador de desigualdades.

Essa estratégia reflete não apenas o desejo de moldar narrativas, mas também de se posicionar como um aliado de governos e comunidades em meio às rápidas transformações trazidas pela tecnologia. Como concluiu Walker: “Nosso papel é fertilizar esses esforços e garantir que as sementes certas sejam plantadas”.