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Família denuncia desaparecimento de ativista brasileiro da flotilha rumo a Gaza

Missão humanitária rumo a Gaza foi ilegalmente interceptada por Israel

Barco parte da flotilha humanitária que tenta furar bloqueio naval de Israel a Gaza - 31/08/2025 (Foto: REUTERS/Nacho Doce)

247 - O desaparecimento do brasileiro Miguel Viveiros de Castro, integrante da Flotilha da Liberdade, mobiliza familiares e organizações de direitos humanos em busca de respostas. A frota internacional, que levava alimentos e medicamentos à Faixa de Gaza, foi interceptada ilegalmente por forças navais israelenses em águas internacionais.

A denúncia sobre o sumiço de Miguel foi feita em carta pública assinada por Marta Viveiros de Castro e Luiz Rodolfo. O documento acusa Israel de sequestro e cobra providências imediatas do governo brasileiro e de organismos internacionais. “Miguel não é número, não é abstração. É uma vida, é uma pessoa, é um brasileiro desaparecido em meio a uma operação que ataca não apenas Gaza, mas também aqueles que ousam romper o cerco e levar ajuda humanitária”, escreveram.

Desaparecimento sem explicações

Segundo os familiares, Miguel mantinha contato a cada 10 minutos durante a missão. Caso fossem presos, os tripulantes tinham instruções de lançar os celulares ao mar e acionar vídeos previamente gravados, nos quais se identificavam e denunciavam o sequestro. “No caso de Miguel, não temos nada disso. Nenhum vídeo. Nenhum sinal. Apenas o silêncio”, relata a carta.

De acordo com listas divulgadas pela organização, entre os 15 brasileiros que participavam da missão, 13 estão identificados como sequestrados. Dois nomes não aparecem — e Miguel é um deles. A família rejeita a expressão “possivelmente interceptado” e exige o reconhecimento formal do desaparecimento, além de informações oficiais sobre seu paradeiro.

Interceptação da frota internacional

A Global Sumud Flotilla confirmou que pelo menos 18 embarcações perderam contato após a abordagem israelense, entre elas o MiaMia (Itália), Vangleis (Polônia), Inana (Reino Unido), Meteque (Itália), Ahed Tamimi (Polônia) e Catalina (Alemanha). Outras 20 foram oficialmente capturadas e levadas à força, como Free Willy, Mohammad Bhar, Morgana, Aurora, Adara e Sirius.

Os navios humanitários foram atacados com canhões de água, produtos químicos e bloqueio eletrônico de comunicações, segundo os organizadores. Os ativistas teriam sido transferidos para o navio militar israelense MSC Johannesburg, mas o paradeiro deles segue incerto. Advogados da ONG Adalah afirmam não ter acesso aos detidos nem informações sobre a possível transferência para o porto de Ashdod.

Pressão internacional por respostas

O número de ativistas sequestrados chega a 443, mas nenhuma autoridade israelense forneceu dados sobre onde estão detidos ou em quais condições. A Global Sumud Flotilla classificou a ação como “abdução ilegal” e denunciou que interceptar embarcações humanitárias em águas internacionais configura crime de guerra.

A entidade pede a libertação imediata dos voluntários e cobra uma reação contundente de governos estrangeiros e organismos multilaterais. “Não aceitaremos a neutralidade cúmplice”, afirma a carta da família de Miguel, que responsabiliza Israel pelo ataque à frota e exige que o Brasil lidere esforços diplomáticos para esclarecer o desaparecimento.

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