Exploração sexual: entenda quem foi Jeffrey Epstein e sua ligação com Donald Trump
Milionário acusado de tráfico sexual de menores, Epstein cultivou relação próxima com Donald Trump e outras figuras do poder global
247 - Jeffrey Epstein foi um financista americano que acumulou fama e fortuna nos círculos mais seletos da elite internacional — mas cuja imagem desmoronou com as denúncias de uma rede de tráfico sexual de adolescentes. O escândalo, que explodiu nos anos 2000 e culminou com sua prisão e morte em 2019, ainda hoje repercute nos Estados Unidos, sobretudo pelas conexões com nomes poderosos. Entre eles, o atual presidente norte-americano, Donald Trump, que conviveu com Epstein por mais de uma década. A Folha de S.Paulo detalhou o caso e os impactos políticos que ele ainda provoca.
De professor a milionário com acesso a elites - Epstein nasceu no Brooklyn, em Nova York, em 1953. Sem diploma universitário completo, iniciou sua carreira como professor de matemática na prestigiosa Dalton School, em Manhattan. Foi ali que estabeleceu seus primeiros contatos com figuras influentes, como Alan Greenberg, então diretor da Bear Stearns, que o contratou para o mercado financeiro.
A partir daí, Epstein ascendeu rapidamente. Em 1982, fundou a empresa J. Epstein & Co., voltada à gestão de fortunas bilionárias. Pouco se sabe sobre a origem de sua riqueza, mas ele consolidou a imagem de um homem com trânsito livre entre políticos, empresários e celebridades. Esse prestígio, no entanto, encobria uma realidade sombria.
O escândalo de abusos sexuais - Epstein foi acusado de comandar uma rede de tráfico sexual de adolescentes, com a ajuda de sua ex-namorada Ghislaine Maxwell. Segundo diversas denúncias, ele recrutava e explorava meninas em propriedades nos Estados Unidos e em uma ilha particular no Caribe. Algumas vítimas tinham apenas 14 anos.
Em 2008, foi condenado por aliciamento de menor em um acordo judicial que lhe rendeu apenas 13 meses de prisão e o registro como agressor sexual. Em 2019, voltou a ser preso, acusado de novos crimes. Pouco depois, foi encontrado morto em sua cela, em Nova York. A morte foi classificada oficialmente como suicídio, mas até hoje levanta suspeitas de ocultação de informações.
A amizade com Donald Trump - Epstein e Trump mantiveram uma relação de amizade próxima por cerca de 15 anos, especialmente entre os anos 1990 e o início dos anos 2000. Ambos viviam em Palm Beach, na Flórida, frequentavam os mesmos eventos sociais e dividiram jantares, festas e voos em jatos particulares. Epstein também era presença constante no clube Mar-a-Lago, propriedade de Trump.
Em declarações antigas, Trump afirmou: "ele é um cara incrível. Gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens". A relação entre os dois teria terminado por volta de 2004, após uma disputa por um imóvel. Trump declarou que baniu Epstein de seu resort após um episódio de comportamento inadequado com a filha de um associado.
Trump nega qualquer envolvimento com os crimes atribuídos a Epstein e nunca foi formalmente acusado. Mesmo assim, o histórico de proximidade tem sido usado por adversários políticos e analistas como exemplo de contradição nas promessas de transparência do presidente.
Teorias da conspiração e pressão por documentos - A figura de Epstein se tornou símbolo de teorias conspiratórias nos Estados Unidos. Parte da base de Trump acredita que o milionário teria mantido registros dos poderosos que participaram de seus abusos. A chamada "lista de Epstein", no entanto, nunca foi confirmada por investigações oficiais.
Neste mês, o Departamento de Justiça e o FBI —já sob comando do governo Trump— anunciaram que os arquivos examinados não contêm nenhuma lista incriminadora. Também reiteraram que a morte de Epstein foi suicídio. A revelação gerou revolta entre apoiadores de Trump, que esperavam uma ofensiva contra os "poderosos do sistema".
O presidente tentou contornar a pressão ao ordenar a divulgação de parte dos depoimentos do caso. No entanto, a Justiça americana negou a liberação dos documentos, mantendo o mistério sobre as reais conexões entre Epstein e suas figuras mais próximas.
As principais vítimas - Diversas mulheres relataram abusos sofridos por Epstein. Virginia Giuffre, uma das principais denunciantes, declarou que foi forçada a manter relações sexuais com nomes influentes, como o príncipe Andrew, do Reino Unido. Ela trabalhava como atendente de spa em Mar-a-Lago e cometeu suicídio em abril deste ano.
Outras vítimas, como Maria Farmer e Johanna Sjoberg, também citaram encontros em que Donald Trump teria se comportado de maneira inadequada, embora nenhuma tenha formalmente acusado o presidente de crime. Uma investigação de 2006 já havia identificado ao menos uma dúzia de potenciais vítimas.
O “bilhete” e novas suspeitas - O Wall Street Journal revelou recentemente que uma carta escrita por Trump estaria entre os arquivos de Epstein. O bilhete, incluído em um álbum de aniversário organizado por Ghislaine Maxwell, teria um desenho de mulher nua e menção a um “segredo” compartilhado entre os dois. Trump negou ser o autor e processou o jornal por difamação.
Apesar das negativas, o vínculo entre Trump e Epstein continua sendo um tema delicado. Enquanto parte da opinião pública exige que todos os arquivos do caso sejam divulgados, outra parte desconfia que a verdade sobre a rede comandada por Epstein jamais venha à tona.
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