EUA sancionam Petro e família sob acusação de conivência com narcotráfico
Presidente colombiano reage e diz que “jamais ficará de joelhos”; decisão bloqueia bens e amplia crise entre Bogotá e Washington
247 - O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira (24) sanções contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sua esposa Verónica Alcocer, seu filho Nicolás Petro e o ministro do Interior colombiano Armando Benedetti. A medida, divulgada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), ocorre sob a justificativa de suposta conivência de Petro com o narcotráfico — acusação que o próprio mandatário colombiano classificou como “uma grande paradoxal injustiça”.
A decisão foi tomada com base na Ordem Executiva 14059, que autoriza o bloqueio de bens e restrição de transações financeiras a pessoas envolvidas no comércio internacional de drogas ilícitas. O governo Trump alega que, desde a posse de Petro, a Colômbia “registrou a maior taxa de produção de cocaína em décadas”, segundo comunicado do secretário do Tesouro, Scott Bessent.
“Desde que o presidente Gustavo Petro chegou ao poder, a produção de cocaína na Colômbia explodiu para níveis recordes, inundando os Estados Unidos e envenenando os americanos”, afirmou Bessent. “O presidente Petro permitiu que os cartéis de drogas prosperassem e se recusou a interromper essa atividade. Hoje, o presidente Trump está tomando medidas firmes para proteger nossa nação e deixar claro que não toleraremos o tráfico de drogas em nosso território.”
O texto oficial do Tesouro também acusa Petro de ter concedido “benefícios a organizações narco-terroristas” sob o pretexto de seu plano de “paz total”, e cita suposta quebra de protocolos internacionais de combate à lavagem de dinheiro. Além disso, o documento afirma que o presidente colombiano teria “se aliado ao regime narco-terrorista de Nicolás Maduro e ao Cartel de Los Soles”.
Família e aliados também são alvo das sanções
Entre os sancionados estão o filho mais velho de Petro, Nicolás Petro Burgos, acusado de ter recebido recursos ilegais durante a campanha eleitoral de 2022, e a primeira-dama Verónica Alcocer, cuja designação como “embaixadora especial” teria violado a Constituição colombiana, segundo o Tesouro norte-americano.
O ministro Armando Benedetti, nomeado por Petro para o Interior em fevereiro de 2025, também foi incluído na lista. O comunicado menciona áudios vazados em 2023, nos quais Benedetti fala sobre financiamento de campanha e negociação de votos.
Com as sanções, todos os bens e ativos dos citados nos Estados Unidos ficam bloqueados, e cidadãos ou empresas norte-americanas estão proibidos de realizar qualquer transação financeira com eles. As penalidades se estendem a entidades controladas direta ou indiretamente pelos designados.
Reação de Petro: “Nem um passo atrás”
Em resposta, Gustavo Petro se manifestou em sua conta no X (antigo Twitter), afirmando que ele e sua família foram incluídos na lista da OFAC por motivos políticos.
“Efetivamente, a ameaça de Bernie Moreno se cumpriu: eu, meus filhos e minha esposa entramos na lista da OFAC. Meu advogado será Danny Kovalik, dos Estados Unidos”, escreveu.
“Lutar contra o narcotráfico durante décadas e com eficácia me traz esta medida do governo de uma sociedade que tanto ajudamos a conter o consumo de cocaína. Toda uma paradoxa, mas nem um passo atrás e jamais de joelhos.”
O senador republicano Bernie Moreno, de origem colombiana e um dos principais aliados de Trump no Congresso, havia pressionado pela inclusão de Petro na lista de sanções. Moreno, eleito em 2024 e hoje senador por Ohio, é considerado uma das vozes mais influentes do novo bloco ultraconservador do Senado norte-americano.


