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EUA pressionam Ucrânia por minerais e ameaçam cortar acesso ao Starlink, dizem fontes

Segundo a Reuters, negociadores norte-americanos mencionaram a possibilidade de interromper os serviços da rede de Elon Musk

Sistema de internet via satélite Starlink instalado perto da cidade de Bakhmut, na linha de frente, em meio ao ataque da Rússia à Ucrânia, região de Donetsk, Ucrânia, 8 de março de 2023 (Foto: REUTERS/Lisi Niesner)
Redação Brasil 247 avatar
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Washington, 21 de fevereiro (Reuters) – Os Estados Unidos teriam pressionado a Ucrânia por acesso a seus minerais críticos, levantando a possibilidade de cortar o acesso do país ao sistema de internet via satélite Starlink, da SpaceX, caso um acordo não fosse alcançado. A informação foi revelada por três fontes familiarizadas com as negociações à agência Reuters.

De acordo com essas fontes, o tema foi introduzido nas discussões entre autoridades norte-americanas e ucranianas depois que o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy rejeitou uma proposta inicial do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. O Starlink, serviço de Elon Musk, tem sido fundamental para a comunicação militar e civil da Ucrânia desde o início da guerra contra a Rússia, em 2022.

A pressão teria sido reforçada na quinta-feira (15) durante uma reunião entre o enviado especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg, e Zelenskiy. Segundo uma das fontes, que acompanhou as negociações, os americanos alertaram que a Ucrânia poderia sofrer um corte iminente no serviço caso não avançasse em um acordo sobre a exploração de seus minerais estratégicos.

"A Ucrânia opera com base no Starlink. Eles consideram isso sua Estrela do Norte", disse uma das fontes à Reuters. "Perder o Starlink... seria um golpe massivo."

Após a publicação da reportagem, Elon Musk negou a informação, afirmando na plataforma X que a notícia era "falsa" e acusando a Reuters de "mentir". Questionado pela agência sobre detalhes, Musk não respondeu imediatamente. A Reuters, por sua vez, reafirmou que mantém a veracidade de sua apuração.

EUA querem minerais estratégicos da Ucrânia

O impasse ocorre no momento em que o governo norte-americano busca assegurar o fornecimento de minerais essenciais para sua indústria e segurança nacional. Entre os recursos cobiçados estão grafite, urânio, titânio e lítio, componente chave para baterias de veículos elétricos.

O governo de Donald Trump já havia pressionado Kiev para garantir US$ 500 bilhões em riquezas minerais como forma de compensação pela ajuda militar fornecida ao país. Zelenskiy, no entanto, rejeitou a exigência, alegando que Washington não ofereceu garantias concretas de segurança em troca.

Na sexta-feira (16), o presidente ucraniano afirmou que as equipes dos dois países seguem trabalhando para chegar a um acordo. Trump, por sua vez, demonstrou otimismo e disse esperar que um pacto seja assinado em breve.

Starlink: herói ou ameaça?

O Starlink foi essencial para manter a comunicação ucraniana após a invasão russa, substituindo redes destruídas no conflito. No início, Musk foi tratado como um "herói" em Kiev. Contudo, sua relação com o governo ucraniano deteriorou-se ao longo do tempo, principalmente após episódios em que restringiu o uso do serviço para operações militares.

Em 2022, o bilionário bloqueou o acesso do Starlink a drones ucranianos em algumas ofensivas, alegando que não queria que sua tecnologia fosse usada para ataques ofensivos. A dependência do sistema para operações militares levou especialistas a alertarem sobre os riscos estratégicos caso os serviços sejam interrompidos.

"Perder o Starlink mudaria o jogo", afirmou Melinda Haring, do Atlantic Council, destacando que a Ucrânia atingiu paridade de 1:1 com a Rússia em uso de drones e artilharia.

Enquanto isso, a Polônia, um dos maiores aliados de Kiev, informou que tem financiado parte da assinatura do Starlink na Ucrânia e continuará a fazê-lo.

Negociações entre EUA e Rússia

No cenário geopolítico mais amplo, fontes russas revelaram que Washington e Moscou planejam uma segunda rodada de negociações para discutir o fim do conflito. O primeiro encontro ocorreu na terça-feira (20), em Riad, capital da Arábia Saudita.

Enquanto os EUA pressionam por acesso aos minerais ucranianos, Trump adotou uma linha mais dura contra Zelenskiy. Recentemente, o ex-presidente norte-americano classificou o líder ucraniano como "um ditador sem eleições", depois que o ucraniano afirmou que Trump estava "preso em uma bolha de desinformação russa".

Com as tensões escalando, a dependência da Ucrânia do apoio militar e tecnológico dos EUA torna o país ainda mais vulnerável às pressões de Washington, que agora vincula a continuidade do suporte a concessões estratégicas.

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