EUA pressionam Ucrânia por minerais e ameaçam cortar acesso ao Starlink, dizem fontes
Segundo a Reuters, negociadores norte-americanos mencionaram a possibilidade de interromper os serviços da rede de Elon Musk
Washington, 21 de fevereiro (Reuters) – Os Estados Unidos teriam pressionado a Ucrânia por acesso a seus minerais críticos, levantando a possibilidade de cortar o acesso do país ao sistema de internet via satélite Starlink, da SpaceX, caso um acordo não fosse alcançado. A informação foi revelada por três fontes familiarizadas com as negociações à agência Reuters.
De acordo com essas fontes, o tema foi introduzido nas discussões entre autoridades norte-americanas e ucranianas depois que o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy rejeitou uma proposta inicial do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. O Starlink, serviço de Elon Musk, tem sido fundamental para a comunicação militar e civil da Ucrânia desde o início da guerra contra a Rússia, em 2022.
A pressão teria sido reforçada na quinta-feira (15) durante uma reunião entre o enviado especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg, e Zelenskiy. Segundo uma das fontes, que acompanhou as negociações, os americanos alertaram que a Ucrânia poderia sofrer um corte iminente no serviço caso não avançasse em um acordo sobre a exploração de seus minerais estratégicos.
"A Ucrânia opera com base no Starlink. Eles consideram isso sua Estrela do Norte", disse uma das fontes à Reuters. "Perder o Starlink... seria um golpe massivo."
Após a publicação da reportagem, Elon Musk negou a informação, afirmando na plataforma X que a notícia era "falsa" e acusando a Reuters de "mentir". Questionado pela agência sobre detalhes, Musk não respondeu imediatamente. A Reuters, por sua vez, reafirmou que mantém a veracidade de sua apuração.
EUA querem minerais estratégicos da Ucrânia
O impasse ocorre no momento em que o governo norte-americano busca assegurar o fornecimento de minerais essenciais para sua indústria e segurança nacional. Entre os recursos cobiçados estão grafite, urânio, titânio e lítio, componente chave para baterias de veículos elétricos.
O governo de Donald Trump já havia pressionado Kiev para garantir US$ 500 bilhões em riquezas minerais como forma de compensação pela ajuda militar fornecida ao país. Zelenskiy, no entanto, rejeitou a exigência, alegando que Washington não ofereceu garantias concretas de segurança em troca.
Na sexta-feira (16), o presidente ucraniano afirmou que as equipes dos dois países seguem trabalhando para chegar a um acordo. Trump, por sua vez, demonstrou otimismo e disse esperar que um pacto seja assinado em breve.
Starlink: herói ou ameaça?
O Starlink foi essencial para manter a comunicação ucraniana após a invasão russa, substituindo redes destruídas no conflito. No início, Musk foi tratado como um "herói" em Kiev. Contudo, sua relação com o governo ucraniano deteriorou-se ao longo do tempo, principalmente após episódios em que restringiu o uso do serviço para operações militares.
Em 2022, o bilionário bloqueou o acesso do Starlink a drones ucranianos em algumas ofensivas, alegando que não queria que sua tecnologia fosse usada para ataques ofensivos. A dependência do sistema para operações militares levou especialistas a alertarem sobre os riscos estratégicos caso os serviços sejam interrompidos.
"Perder o Starlink mudaria o jogo", afirmou Melinda Haring, do Atlantic Council, destacando que a Ucrânia atingiu paridade de 1:1 com a Rússia em uso de drones e artilharia.
Enquanto isso, a Polônia, um dos maiores aliados de Kiev, informou que tem financiado parte da assinatura do Starlink na Ucrânia e continuará a fazê-lo.
Negociações entre EUA e Rússia
No cenário geopolítico mais amplo, fontes russas revelaram que Washington e Moscou planejam uma segunda rodada de negociações para discutir o fim do conflito. O primeiro encontro ocorreu na terça-feira (20), em Riad, capital da Arábia Saudita.
Enquanto os EUA pressionam por acesso aos minerais ucranianos, Trump adotou uma linha mais dura contra Zelenskiy. Recentemente, o ex-presidente norte-americano classificou o líder ucraniano como "um ditador sem eleições", depois que o ucraniano afirmou que Trump estava "preso em uma bolha de desinformação russa".
Com as tensões escalando, a dependência da Ucrânia do apoio militar e tecnológico dos EUA torna o país ainda mais vulnerável às pressões de Washington, que agora vincula a continuidade do suporte a concessões estratégicas.
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