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EUA podem impor custos mais altos para aéreas chinesas com veto ao espaço aéreo russo

Analistas alertam sobre custos elevados para aéreas chinesas com proibição do espaço aéreo russo pelos EUA

EUA podem impor custos mais altos para aéreas chinesas com veto ao espaço aéreo russo (Foto: Reuters/Tingshu Wang)

As companhias aéreas chinesas podem enfrentar sérios prejuízos caso os Estados Unidos avancem com uma proposta para proibir o uso do espaço aéreo russo em rotas entre os dois países. A medida, que está sendo discutida pelo governo americano, poderia resultar em custos elevados para as empresas aéreas da China, como compensações a passageiros afetados e cancelamentos de voos já vendidos, segundo análise de especialistas do setor. O planejamento de rotas e a venda de passagens para viagens transpacíficas, por exemplo, são feitos com meses de antecedência, o que torna a aplicação dessa proposta ainda mais problemática.

Yang Bo, analista de aviação chinês, afirmou que, caso a proposta seja implementada, as companhias aéreas poderão ter que arcar com os custos decorrentes do cancelamento de voos, como a compensação a passageiros e a perda de capacidade. “Se a proposta for realmente implementada, as companhias aéreas chinesas terão que lidar com as perdas resultantes de voos já vendidos que precisariam ser cancelados", explicou. A decisão sobre como lidar com os custos adicionais, seja alterando rotas e aumentando os preços dos bilhetes ou cancelando as rotas, dependerá de uma análise mais detalhada, segundo o especialista.

A proposta de proibição foi apresentada na quinta-feira passada pelo Departamento de Transporte dos EUA, que a justificou com a alegação de que o uso do espaço aéreo russo permite uma vantagem competitiva para as companhias aéreas chinesas, uma vez que as rotas se tornam mais curtas e mais rápidas, em comparação com os voos que fazem desvio por outras rotas. Caso a medida entre em vigor, isso representaria um agravamento das tensões entre as duas potências, especialmente após o anúncio de Pequim de controles mais rígidos sobre exportações de terras raras e outros itens estratégicos.

A implementação da proibição poderia também afetar o processo de aprovação dos planos de voo das companhias aéreas chinesas, com a temporada de verão de 2024 prestes a ser agendada. O Departamento de Transporte dos EUA afirmou que daria dois dias para que as empresas se posicionassem sobre a medida, que poderia entrar em vigor já em novembro. Caso a proibição afete a temporada de inverno, com início previsto para outubro, poderia resultar em um grande desgaste público, uma vez que a medida poderia gerar um grande número de voos cancelados.

Por sua vez, Hugh Ritchie, CEO da Aviation Analysts International, na Austrália, comentou que é extremamente raro um governo proibir companhias aéreas de usar o espaço aéreo de outro país, exceto em tempos de guerra. Ele acredita que a medida seria “agressiva” por parte dos EUA, e que a China poderia adotar medidas "recíprocas", caso a proibição seja de fato implementada. Ritchie também questionou a viabilidade da fiscalização da nova regra, uma vez que seria difícil para Washington verificar se os voos vindos dos EUA realmente evitam o espaço aéreo russo.

A situação já é tensa, pois a Rússia havia imposto uma proibição similar contra as companhias aéreas dos EUA e de outros países após a imposição de restrições por parte de Washington sobre os voos russos no espaço aéreo americano, em março de 2022. No entanto, as transportadoras chinesas continuaram isentas dessa proibição, o que até agora tem permitido um acesso mais rápido e econômico ao espaço aéreo russo.

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