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EUA devem parar de alimentar a máquina de guerra no Oriente Médio, diz editorial do Global Times

Jornal chinês alerta para riscos de escalada e acusa Washington de sabotar a paz ao apoiar guerra contra o Irã

A guerra no Oriente Médio se intensifica (Foto: REUTERS)
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247 - Em mais um duro editorial publicado nesta quarta-feira (19), o jornal chinês Global Times acusou os Estados Unidos de fomentarem a instabilidade no Oriente Médio e advertiu que qualquer intervenção militar americana contra o Irã pode causar “danos irreparáveis”. A publicação repercute a crescente tensão na região após os ataques israelenses em Teerã e a possibilidade de uma escalada militar liderada por Washington.

Segundo o jornal, “os meios diplomáticos em relação à questão nuclear iraniana não foram esgotados e uma resolução pacífica ainda é possível”. O texto condena a postura dos EUA e alerta que uma nova guerra, especialmente num momento tão volátil, seria irresponsável e catastrófica. O editorial cita a manchete da emissora Al Jazeera — “Os EUA estão se preparando para a guerra?” — como reflexo do medo que toma conta da região.

De acordo com o Global Times, a postura hostil dos EUA não apenas mina os esforços diplomáticos em curso, mas também encoraja ações militares unilaterais como as recentes ofensivas israelenses em território iraniano, uma delas atingindo uma instalação da emissora estatal iraniana IRIB.

Durante discurso televisionado, o Líder Supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, reagiu diretamente às ameaças americanas, afirmando que “o Irã não se renderá” e que qualquer ataque militar dos EUA trará “danos irreparáveis”.

O editorial ressalta que o ataque israelense foi o verdadeiro estopim da crise atual, interrompendo a sexta rodada de negociações nucleares entre Irã e EUA que seria realizada em Mascate, Omã. “Não foi o colapso da diplomacia que desencadeou o conflito, mas sim uma aventura militar”, destaca o texto.

O Global Times responsabiliza os EUA pela deterioração do acordo nuclear, lembrando que foi Washington que se retirou unilateralmente do Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA), o pacto firmado em 2015 entre o Irã e as potências mundiais.

“A soberania nacional, a segurança e a integridade territorial do Irã não devem ser violadas”, frisa o jornal. “Qualquer uso imprudente da força contra o Irã é inaceitável e constitui uma flagrante violação do direito internacional.”

Relembrando os traumas de intervenções anteriores, o editorial cita números do projeto Costs of War, da Universidade Brown, segundo os quais a chamada “guerra ao terror” iniciada em 2001 já matou mais de 800 mil pessoas, desalojou 38 milhões e custou aos cofres dos EUA mais de 8 trilhões de dólares.

A publicação também recorre à rede CNN e à revista The Economist para ilustrar a oposição interna crescente nos EUA à participação em mais um conflito armado. Segundo pesquisa da Economist, 60% dos americanos são contra uma intervenção militar no Irã, enquanto apenas 16% a apoiam. “Isso indica que um envolvimento mais profundo no conflito Irã-Israel não reflete a verdadeira vontade do povo americano”, conclui.

O Global Times ainda critica a “pressão máxima” exercida por Washington, chamando de perigosa a movimentação de tropas e equipamentos na região. O jornal afirma que tais ações não só desestabilizam o Oriente Médio, como também contrariam o princípio de equidade nas relações internacionais.

A publicação conclui com um apelo: “Os EUA precisam parar de alimentar a máquina de guerra e assumir a responsabilidade de promover a paz e interromper a guerra, em vez de complicar ainda mais as questões ou se tornar parte do problema”.

Diante da contínua escalada, o editorial chinês sustenta que o papel dos EUA deve ser o de mediador, não de incendiário. “O Oriente Médio não pode resistir a outra guerra imposta”, adverte o texto.

Enquanto isso, o mundo observa com apreensão: os EUA estão se preparando para negociar a paz ou para iniciar um novo conflito no coração do mundo islâmico?

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