EUA ameaçam fazer ação terrestre contra cartéis e trazem risco de guerra à América do Sul

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (23) que as operações militares contra supostos cartéis de drogas vão entrar em uma nova fase terrestre, após semanas de ataques navais e aéreos no Caribe e no oceano Pacífico.

Segundo ele, a Casa Branca informará o Congresso sobre as ações, mas o governo não pedirá uma declaração formal de guerra, dispensando o aval legislativo tradicional para empreitadas militares.

“Bem, eu não acho que vamos necessariamente pedir uma declaração de guerra. Acho que vamos apenas matar pessoas que estão trazendo drogas para o nosso país, certo? Vamos matá-las”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca, conforme reportado pela agência Reuters.

Desde o início de setembro, as Forças Armadas dos EUA realizaram uma série de bombardeios contra embarcações classificadas como “suspeitas de narcotráfico”, resultando na morte de quase 40 pessoas, segundo o Pentágono. Parte dos ataques ocorreu nas proximidades da Venezuela, elevando ainda mais a tensão com Caracas.

Trump afirmou que, depois das ações navais, a ofensiva passará também ao território continental.

“Agora eles [as drogas] estão chegando por terra... você sabe, a terra será a próxima”, acrescentou.

O anúncio reforça o tom cada vez mais militarizado da política externa norte-americana na América Latina, especialmente após o governo ter deslocado destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e milhares de soldados para a região caribenha nas últimas semanas.

Maduro reage

Em resposta, o presidente venezuelano Nicolás Maduro fez um pronunciamento em Caracas advertindo que uma eventual incursão norte-americana no país provocaria uma insurreição nacional.

“Se os EUA algum dia intervierem em nosso país, a classe trabalhadora se levantará e uma greve geral insurrecional será declarada nas ruas até que o poder seja retomado”, afirmou. “Milhões de homens e mulheres com fuzis marchariam por todo o país.”

A escalada militar ocorre dias após a Reuters revelar que dois supostos traficantes sobreviveram a um ataque norte-americano no Caribe. Eles foram resgatados e levados a um navio da Marinha dos EUA antes de serem repatriados para seus países de origem, Colômbia e Equador.

Durante o mesmo evento na Casa Branca, o secretário de Defesa norte-americano, Pete Hegseth, defendeu a decisão de repatriar os sobreviventes, comparando o procedimento ao adotado em conflitos anteriores no Oriente Médio.

“Naqueles conflitos, capturamos milhares no campo de batalha e entregamos 99% às autoridades locais”, disse Hegseth. “Gostávamos sempre do resultado? Nem sempre. Mas esse era o padrão, e é o mesmo aqui.”