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Em escalada autoritária, Trump amplia uso de força militar e operações de deportação

Governo Trump prossegue ofensiva ditatorial com envio de fuzileiros navais à Califórnia

Manifestações prosseguem na Califórnia, apesar de repressão do governo Trump (Foto: David Ryder/REUTERS)
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247 - O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu enviar fuzileiros navais a Los Angeles para conter manifestações populares e reforçar uma onda de operações de repressão contra imigrantes indocumentados. A decisão, tomada na segunda-feira (9), gerou forte reação de autoridades locais e estaduais, além de protestos que já duram quatro dias consecutivos em várias cidades norte-americanas, destaca reportagem da Reuters.

O envio de fuzileiros navais é parte de uma ação de apoio temporário até que o efetivo completo da Guarda Nacional, com 4.000 soldados, seja mobilizado. A mobilização ocorre apesar da oposição do governador democrata Gavin Newsom e da prefeita de Los Angeles, Karen Bass, que não solicitaram ajuda federal e questionam a legalidade da intervenção.

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, anunciou que as operações de detenção de imigrantes irão se intensificar: "Realizamos mais operações hoje do que no dia anterior e amanhã vamos redobrar os esforços", afirmou em entrevista à Fox News. E foi além: “Quanto mais eles protestarem e cometerem atos de violência contra policiais, mais dura será a perseguição do ICE”.

A resposta do governo da Califórnia foi rápida. Newsom entrou com uma ação judicial contra o governo Trump para impedir a presença da Guarda Nacional e dos fuzileiros navais, alegando violação da lei federal e da soberania estadual. Em declarações públicas, ele afirmou que a medida representa “um passo inconfundível em direção ao autoritarismo”.

Em meio à escalada de tensão, Trump defendeu a sugestão de seu assessor para imigração, Tom Homan, de que Newsom fosse preso por obstrução. “Eu faria isso se fosse Tom. Acho ótimo”, disse o presidente a jornalistas.

A presença de tropas militares nas ruas de Los Angeles é incomum e remete aos momentos mais críticos da história recente dos EUA. O último uso de militares em ações policiais internas sob a Lei da Insurreição ocorreu em 1992, durante os distúrbios após a absolvição dos policiais envolvidos na agressão a Rodney King. Desta vez, Trump recorre a prerrogativas legais como comandante em chefe para ordenar a mobilização, sem a necessidade de invocar diretamente a referida lei.

Líderes democratas no Congresso alertam para os riscos dessa estratégia. O senador Jack Reed, membro do Comitê de Serviços Armados, declarou: “O presidente está se sobrepondo à autoridade do governador e do prefeito e usando as Forças Armadas como arma política. Essa medida sem precedentes ameaça transformar uma situação tensa em uma crise nacional. Desde a fundação da nossa nação, o povo americano tem sido perfeitamente claro: não queremos que os militares exerçam a lei em solo americano”.

Os protestos seguem intensos. Na noite de segunda-feira, centenas de pessoas se reuniram em frente a um centro de detenção federal no centro de Los Angeles, exigindo a libertação dos detidos. Houve confrontos com a polícia, que usou bombas de gás lacrimogêneo e munições não letais para dispersar os manifestantes. A Guarda Nacional formou uma linha de contenção diante do prédio, enquanto a polícia de Los Angeles e o xerife avançavam pelas ruas adjacentes, empurrando os manifestantes para longe e realizando prisões.

A prefeita Karen Bass criticou duramente a repressão: “Esta é uma cidade de imigrantes”, disse em entrevista à MSNBC. Noem respondeu com ataques: “Eles não são uma cidade de imigrantes. São uma cidade de criminosos”.

Segundo o Departamento de Segurança Interna, a média diária de detenções pela Imigração e Alfândega (ICE) saltou para 2.000 pessoas nos últimos dias, contra uma média de 311 no ano fiscal anterior, durante o governo do ex-presidente Joe Biden.

Além de Los Angeles, protestos foram registrados em pelo menos nove outras cidades, incluindo Nova York, Filadélfia, São Francisco e Austin, onde a polícia também usou munição não letal para dispersar manifestantes.

A mobilização de tropas militares em solo americano durante manifestações civis, especialmente sem o aval das autoridades locais, reacende o debate sobre os limites do poder presidencial e o uso das forças armadas em disputas políticas internas. Com a radicalização do segundo mandato de Donald Trump, cresce o temor de que os EUA estejam diante de uma nova fase de autoritarismo político, repressão institucionalizada e fragilização das normas democráticas.

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