Cúpula da OTAN em Haia é marcada por nova meta de gastos e crise com Irã
Encontro atende exigência de Trump por 5% do PIB em defesa, mas bombardeio ao Irã ameaça unidade da aliança
HAIA, 23 de junho (Reuters) - A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) organizou uma cúpula em Haia nesta semana para se fortalecer, satisfazendo o presidente dos EUA, Donald Trump, com uma nova e grande meta de gastos com defesa, mas agora corre o risco de ser dominada pelas repercussões de seus ataques militares ao Irã.
O encontro de dois dias também tem como objetivo sinalizar ao presidente russo, Vladimir Putin, que a OTAN está unida, apesar das críticas anteriores de Trump à aliança, e determinada a expandir e atualizar suas defesas para impedir qualquer ataque de Moscou.
A cúpula e sua declaração final serão curtas e focadas em atender ao apelo de Trump para gastar 5% do PIB em defesa — um grande salto em relação à meta atual de 2%. Essa meta será alcançada investindo mais em gastos militares e outros gastos relacionados à segurança.
No entanto, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez atrapalhou os preparativos do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, no domingo, ao declarar que Madri não precisava atingir a nova meta de gastos, mesmo com a Espanha tendo aprovado a declaração da cúpula.
Rutte insistiu na segunda-feira que a Espanha não tinha uma opção de exclusão e que a OTAN estava "absolutamente convencida" de que Madri teria que atingir a nova meta para cumprir seus compromissos militares com a aliança.
"A OTAN não tem — como aliança — cláusulas de exclusão, acordos paralelos, etc., porque todos nós temos que contribuir", disse ele a repórteres em Haia.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy teve que se contentar com um assento no jantar pré-cúpula na terça-feira à noite — em vez de uma sessão formal com os líderes quando eles se reunirem na quarta-feira — devido ao seu relacionamento volátil com Trump.
O bombardeio dos EUA às instalações nucleares iranianas no fim de semana torna a cúpula muito menos previsível do que Rutte — um ex-primeiro-ministro da Holanda que sediou o encontro em sua cidade natal — e outros países membros da OTAN gostariam.
O IRÃ ACRESCENTA INCERTEZA
Muito dependerá da situação precisa no Oriente Médio quando a cúpula ocorrer - como, por exemplo, se o Irã retaliou contra os EUA - e se outros líderes da OTAN abordarão os ataques com Trump ou em comentários a repórteres.
Se a reunião não ocorrer conforme o planejado, a OTAN corre o risco de parecer fraca e dividida, ao mesmo tempo em que seus membros europeus veem a Rússia em seu momento mais perigoso desde o fim da Guerra Fria e se preparam para possíveis cortes de tropas dos EUA no continente.
Na segunda-feira, Putin rejeitou as alegações da OTAN de que a Rússia poderia um dia atacar um membro da aliança, dizendo que elas eram mentiras usadas pelas potências ocidentais para justificar grandes gastos militares.
Segundo o novo plano de gastos com defesa da OTAN, os países gastariam 3,5% do PIB em "defesa básica" - como armas e tropas - e mais 1,5% em investimentos relacionados à segurança, como adaptação de estradas, portos e pontes para uso por veículos militares, proteção de oleodutos e dissuasão de ataques cibernéticos.
Tal aumento — a ser implementado gradualmente ao longo de 10 anos — significaria centenas de bilhões de dólares a mais em gastos com defesa.
No ano passado, os membros da aliança gastaram coletivamente cerca de 2,6% do PIB da OTAN em defesa básica, totalizando cerca de US$ 1,3 trilhão, segundo estimativas da OTAN. A maior parte veio dos Estados Unidos, que gastaram quase US$ 818 bilhões.
EUA EXIGE QUE A EUROPA GASTE MAIS EM SUA PRÓPRIA DEFESA
Washington insiste que é hora de os europeus assumirem uma parcela maior do fardo financeiro e militar da defesa de seu continente.
Líderes europeus dizem que entenderam a mensagem, mas querem uma transição ordenada e gradual, temendo que quaisquer brechas em suas defesas possam ser exploradas por Putin.
Eles estão particularmente interessados em enfatizar seu compromisso de gastos, já que Trump já ameaçou não proteger aliados que não gastam o suficiente em defesa.
Uma declaração de cúpula preparada e acordada pelos governos da OTAN e vista pela Reuters diz: "Reafirmamos nosso firme compromisso com a defesa coletiva, conforme consagrado no Artigo 5 do Tratado de Washington — que um ataque a um é um ataque a todos."
A breve declaração da cúpula incluirá apenas uma referência à Rússia como uma ameaça à segurança euro-atlântica e outra ao comprometimento dos aliados em apoiar a Ucrânia, dizem diplomatas.
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