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      Cúpula da OTAN em Haia é marcada por nova meta de gastos e crise com Irã

      Encontro atende exigência de Trump por 5% do PIB em defesa, mas bombardeio ao Irã ameaça unidade da aliança

      Cúpula da OTAN em Haia, Holanda, 23 de junho de 2025 (Foto: REUTERS/Yves Herman)
      Luis Mauro Filho avatar
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      HAIA, 23 de junho (Reuters) - A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) organizou uma cúpula em Haia nesta semana para se fortalecer, satisfazendo o presidente dos EUA, Donald Trump, com uma nova e grande meta de gastos com defesa, mas agora corre o risco de ser dominada pelas repercussões de seus ataques militares ao Irã.

      O encontro de dois dias também tem como objetivo sinalizar ao presidente russo, Vladimir Putin, que a OTAN está unida, apesar das críticas anteriores de Trump à aliança, e determinada a expandir e atualizar suas defesas para impedir qualquer ataque de Moscou.

      A cúpula e sua declaração final serão curtas e focadas em atender ao apelo de Trump para gastar 5% do PIB em defesa — um grande salto em relação à meta atual de 2%. Essa meta será alcançada investindo mais em gastos militares e outros gastos relacionados à segurança.

      No entanto, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez atrapalhou os preparativos do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, no domingo, ao declarar que Madri não precisava atingir a nova meta de gastos, mesmo com a Espanha tendo aprovado a declaração da cúpula.

      Rutte insistiu na segunda-feira que a Espanha não tinha uma opção de exclusão e que a OTAN estava "absolutamente convencida" de que Madri teria que atingir a nova meta para cumprir seus compromissos militares com a aliança.

      "A OTAN não tem — como aliança — cláusulas de exclusão, acordos paralelos, etc., porque todos nós temos que contribuir", disse ele a repórteres em Haia.

      O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy teve que se contentar com um assento no jantar pré-cúpula na terça-feira à noite — em vez de uma sessão formal com os líderes quando eles se reunirem na quarta-feira — devido ao seu relacionamento volátil com Trump.

      O bombardeio dos EUA às instalações nucleares iranianas no fim de semana torna a cúpula muito menos previsível do que Rutte — um ex-primeiro-ministro da Holanda que sediou o encontro em sua cidade natal — e outros países membros da OTAN gostariam.

      O IRÃ ACRESCENTA INCERTEZA

      Muito dependerá da situação precisa no Oriente Médio quando a cúpula ocorrer - como, por exemplo, se o Irã retaliou contra os EUA - e se outros líderes da OTAN abordarão os ataques com Trump ou em comentários a repórteres.

      Se a reunião não ocorrer conforme o planejado, a OTAN corre o risco de parecer fraca e dividida, ao mesmo tempo em que seus membros europeus veem a Rússia em seu momento mais perigoso desde o fim da Guerra Fria e se preparam para possíveis cortes de tropas dos EUA no continente.

      Na segunda-feira, Putin rejeitou as alegações da OTAN de que a Rússia poderia um dia atacar um membro da aliança, dizendo que elas eram mentiras usadas pelas potências ocidentais para justificar grandes gastos militares.

      Segundo o novo plano de gastos com defesa da OTAN, os países gastariam 3,5% do PIB em "defesa básica" - como armas e tropas - e mais 1,5% em investimentos relacionados à segurança, como adaptação de estradas, portos e pontes para uso por veículos militares, proteção de oleodutos e dissuasão de ataques cibernéticos.

      Tal aumento — a ser implementado gradualmente ao longo de 10 anos — significaria centenas de bilhões de dólares a mais em gastos com defesa.

      No ano passado, os membros da aliança gastaram coletivamente cerca de 2,6% do PIB da OTAN em defesa básica, totalizando cerca de US$ 1,3 trilhão, segundo estimativas da OTAN. A maior parte veio dos Estados Unidos, que gastaram quase US$ 818 bilhões.

      EUA EXIGE QUE A EUROPA GASTE MAIS EM SUA PRÓPRIA DEFESA

      Washington insiste que é hora de os europeus assumirem uma parcela maior do fardo financeiro e militar da defesa de seu continente.

      Líderes europeus dizem que entenderam a mensagem, mas querem uma transição ordenada e gradual, temendo que quaisquer brechas em suas defesas possam ser exploradas por Putin.

      Eles estão particularmente interessados ​​em enfatizar seu compromisso de gastos, já que Trump já ameaçou não proteger aliados que não gastam o suficiente em defesa.

      Uma declaração de cúpula preparada e acordada pelos governos da OTAN e vista pela Reuters diz: "Reafirmamos nosso firme compromisso com a defesa coletiva, conforme consagrado no Artigo 5 do Tratado de Washington — que um ataque a um é um ataque a todos."

      A breve declaração da cúpula incluirá apenas uma referência à Rússia como uma ameaça à segurança euro-atlântica e outra ao comprometimento dos aliados em apoiar a Ucrânia, dizem diplomatas.

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