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      Corbyn anuncia criação de novo partido para enfrentar os "ricos e poderosos"

      Ex-líder do Partido Trabalhista britânico lança iniciativa com Zarah Sultana e propõe alternativa de esquerda “comunitária e democrática”

      Jeremy Corbyn (Foto: REUTERS/HENRY NICHOLLS)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - O ex-líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, lançou nesta quinta-feira (24) um novo projeto político com o objetivo de combater as elites econômicas e propor uma alternativa à esquerda do espectro partidário atual no Reino Unido. Em declaração conjunta com a deputada Zarah Sultana, também independente, Corbyn afirmou: “é hora de um novo tipo de partido político — um que pertença a vocês”.

      A informação foi publicada pela BBC, que acompanhou o anúncio feito em Islington, distrito representado por Corbyn desde 1983. Embora o nome oficial do partido ainda não tenha sido definido, o ex-líder trabalhista assegurou que a proposta tem forte adesão popular. “Eles têm chegado a uma taxa de 500 por minuto querendo apoiar e se juntar ao novo partido”, declarou.

      Partido sem nome, mas com direção definida - Embora o site de cadastro tenha o nome provisório de “Your Party” (“Seu Partido”), Sultana esclareceu nas redes sociais que essa não será a denominação definitiva da legenda. A expectativa é que a primeira conferência do grupo, prevista para o outono europeu, defina as diretrizes programáticas e a identidade formal da nova agremiação.

      Corbyn rejeitou críticas sobre uma suposta desorganização no lançamento da iniciativa: “não está nada bagunçado, é uma abordagem totalmente coerente”.

      “Alternativa aos controladores e aos divisionistas” - Durante evento em sua base eleitoral, Corbyn criticou a estrutura centralizada do Partido Trabalhista sob a liderança de Keir Starmer. “O Partido Trabalhista é extremamente hierarquizado, cheio de controladores que querem comandar tudo o que acontece dentro dele”, afirmou. Em contraponto, prometeu um modelo descentralizado, baseado na atuação de base: “vai ser comunitário, enraizado nas comunidades, dirigido por pessoas comuns — e sabe de uma coisa? Vai ser divertido”.

      O veterano parlamentar acrescentou que o partido terá uma “estrutura bastante federal”, com “um conjunto central de valores e crenças” e “muita autonomia local”.

      Críticas ao sistema, aposta no engajamento popular - A nova legenda nasce com forte viés redistributivo e socialmente progressista. Em comunicado oficial, Corbyn e Sultana se posicionaram contra a pobreza infantil e os lucros exorbitantes das grandes corporações em meio ao aumento do custo de vida. Denunciaram também o financiamento bélico em detrimento dos investimentos sociais: “O governo diz que não há dinheiro para os pobres, mas bilhões para a guerra”.

      A dupla defende ainda uma postura mais crítica à política externa de Israel, diferenciado-se da linha adotada pelo Partido Trabalhista atual, e pretende incentivar o engajamento popular na construção do programa. “Estamos encorajando as pessoas a se inscreverem para participar da construção de uma alternativa democrática real, enraizada nas comunidades por todo o país”, destacaram.

      Eleições locais serão primeiro teste - A primeira grande prova de fogo para o novo partido deve acontecer nas eleições locais previstas para maio de 2026, especialmente em Londres e outras cidades com forte presença de movimentos de esquerda.

      Internamente, o Partido Trabalhista já sente a pressão por sua vulnerabilidade na ala mais à esquerda. Um exemplo disso foi a recente reviravolta do primeiro-ministro em relação ao seu projeto sobre assistência social, que só foi aprovado com uma margem apertada de 75 votos — apesar da maioria governista de 165 deputados.

      Raízes em uma dissidência crescente - Rumores sobre a fundação de um novo partido sob a liderança de Corbyn circulavam há meses. O movimento ganhou tração com a saída de Zarah Sultana do Partido Trabalhista no início de julho, após ter sido suspensa por votar contra o governo em uma moção que pedia o fim do limite de dois filhos no auxílio infantil.

      Ao lado de Corbyn, que foi expulso da legenda após o fracasso eleitoral de 2019, Sultana se junta a um pequeno grupo de parlamentares independentes pró-Palestina, que deve compor o núcleo da nova organização. Entre os ex-liderados de Corbyn, o ex-chanceler paralelo John McDonnell se manteve fora do Partido Trabalhista, mas, até o momento, também não declarou adesão ao novo projeto.

      Apesar das diferenças geracionais entre Corbyn, com quase 50 anos de parlamento, e Sultana, que está em seu primeiro mandato, ambos compartilham a convicção de que há espaço para reenergizar a esquerda britânica.

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