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China realiza treinamento simultâneo com dois porta-aviões no Pacífico Ocidental

Liaoning e Shandong operam em formação conjunta pela primeira vez perto do Japão, em exercício que Pequim afirma seguir normas internacionais

O porta-aviões Liaoning lançará aeronaves de caça baseadas em porta-aviões no Pacífico Ocidental no início de junho de 2025 (Foto: Divulgação/Exército de Libertação Popular da China)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - A Marinha do Exército de Libertação Popular da China (PLA Navy) mobilizou recentemente seus dois principais porta-aviões, Liaoning e Shandong, para exercícios militares conjuntos no Pacífico Ocidental. A informação foi confirmada nesta terça-feira (10) pelo porta-voz Wang Xuemeng, segundo o veículo oficial China Bugle, vinculado ao centro de mídia da PLA.

De acordo com o comunicado, os navios realizaram manobras para testar as capacidades de defesa em alto-mar e a operação conjunta entre as forças navais, em linha com o cronograma anual de treinamentos. “Esses exercícios são rotineiros, organizados conforme o plano de treinamento anual, com o objetivo de reforçar continuamente a capacidade das embarcações em cumprir suas missões”, afirmou Wang, ressaltando que as ações seguem “as leis e práticas internacionais” e “não têm como alvo qualquer país específico”.

Reação japonesa e resposta chinesa

O Ministério da Defesa do Japão informou que observou, pela primeira vez, a presença simultânea de dois porta-aviões chineses operando próximos ao arquipélago japonês. Segundo a agência japonesa Yomiuri, o Shandong realizou operações de pouso e decolagem ao norte de Okinotorishima, enquanto o Liaoning realizou atividade semelhante ao sudeste da ilha de Iwo Jima. Ainda segundo a imprensa japonesa, os navios estariam posicionados nos dois lados da chamada “segunda cadeia de ilhas”, com o Liaoning a leste e o Shandong a oeste.

Ao ser questionado sobre a presença das embarcações, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, reiterou que “as atividades dos navios chineses naquelas águas estão plenamente de acordo com o direito internacional”. Ele enfatizou: “Nossa política de defesa nacional é de natureza defensiva. Esperamos que o Japão observe essas atividades de forma objetiva e racional”.

Expansão da capacidade operacional chinesa

Especialistas em assuntos militares chineses destacaram a importância estratégica da operação conjunta. Para Wang Yunfei, consultado pelo Global Times, um grupo com dois porta-aviões representa uma capacidade de combate mais completa do que um navio isolado. “Uma das direções mais importantes para a defesa marítima da China é o Pacífico Ocidental”, disse ele.

Yunfei observou que o alcance dos armamentos modernos exige que a China tenha “profundidade defensiva para além das primeiras e segundas cadeias de ilhas”. O treinamento em águas distantes também permitiria às tripulações se familiarizarem com a geografia e desenvolverem habilidades básicas de combate naquela região.

Outro especialista ouvido pelo Global Times, Wang Ya’nan, editor-chefe da revista Aerospace Knowledge, explicou que um grupo de dois porta-aviões não representa apenas uma soma de forças, mas a possibilidade de executar missões “mais diversificadas e complexas”. Para isso, segundo ele, são exigidos padrões elevados de treinamento. “Ser capaz de operar dois porta-aviões ao mesmo tempo tem significado importante para a defesa marítima da China”, avaliou.

Projeção internacional e defesa de interesses no exterior

Zhang Junshe, também especialista em assuntos militares, afirmou ao Global Times que, no futuro, os grupos de porta-aviões da China poderão conduzir exercícios em outras regiões, como o Oceano Índico e até mesmo o Atlântico. Segundo ele, a navegação em alto-mar é um direito assegurado pelo direito internacional, incluindo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

Zhang destacou ainda que, diante do aumento do número de empresas, estudantes e cidadãos chineses vivendo no exterior, além da crescente dependência do país em relação ao fornecimento externo de energia, “a segurança dos interesses chineses no exterior e das rotas marítimas energéticas tornou-se uma preocupação central”. O fortalecimento das capacidades navais, afirmou, “contribuirá para defender a segurança territorial, proteger os interesses no exterior e permitir maior responsabilidade internacional, como resgates humanitários e ações de socorro em desastres”.

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