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Editorial do jornal chinês Global Times destaca plano econômico do Brasil de emitir títulos em yuan no mercado da China

Plano do governo brasileiro reforça cooperação financeira com a China e pode estimular outros países da América Latina a aderirem ao yuan

Yuan e Real (Foto: Divulgação)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - O Brasil se prepara para lançar, ainda este ano, seus primeiros títulos soberanos denominados em moeda chinesa, os chamados “panda bonds”. O movimento foi analisado pelo jornal chinês Global Times como uma sinalização clara da crescente internacionalização do yuan e um marco importante na aproximação financeira entre os dois países.

“Para o Brasil, uma das maiores economias da América do Sul, o plano tem implicações significativas”, destaca o editorial publicado pelo veículo estatal. A análise aponta que, diante da necessidade urgente de investimentos em infraestrutura e modernização industrial, o país encontra nos panda bonds uma alternativa mais barata e menos exposta à volatilidade cambial, em comparação com o tradicional financiamento em dólar.

Custo reduzido e estabilidade fortalecem apelo do yuan

Com taxas de juros mais baixas na China — os títulos públicos de 10 anos rendem hoje cerca de 1,68% ao ano, contra 4,45% dos equivalentes norte-americanos —, os panda bonds se tornam uma opção atrativa para países como o Brasil. Segundo o Global Times, a escolha do yuan pode representar economia relevante em juros e maior segurança para a gestão da dívida pública.

Outro fator que favorece essa decisão é a estabilidade da moeda chinesa. Em 2024, o índice CFETS RMB, que acompanha o desempenho do yuan frente a uma cesta de moedas, teve alta de 3,99% em relação ao ano anterior, reforçando sua atratividade frente a moedas mais voláteis. A publicação ressalta que o Brasil poderá se beneficiar da redução dos custos de captação e de menor exposição a oscilações cambiais.

Relação sino-brasileira avança para o financiamento soberano

A cooperação bilateral entre os dois países vem se intensificando nos últimos anos. Em 2023, Brasil e China assinaram um memorando de entendimento para promover o uso das moedas locais no comércio bilateral. Já em maio de 2024, os bancos centrais renovaram o acordo de swap cambial e firmaram um novo protocolo de cooperação estratégica. Para o Global Times, a emissão de panda bonds “eleva a parceria a um nível superior” ao incorporar o financiamento estatal à estratégia conjunta.

Expansão do mercado chinês e influência regional do Brasil

O mercado de panda bonds tem crescido rapidamente e já se consolidou como uma peça central na estratégia chinesa de internacionalização do yuan. Segundo dados citados pelo Global Times e pela CCTV News, em 2024 o volume total emitido no mercado interbancário foi de aproximadamente 185,8 bilhões de yuans (cerca de US$ 25,8 bilhões). Apenas nos quatro primeiros meses do ano, foram emitidos 62,2 bilhões de yuans em títulos, mantendo a trajetória de expansão.

O editorial aponta que a iniciativa brasileira pode ter um impacto demonstrativo na região. Historicamente dependentes do dólar para transações internacionais, países latino-americanos como Brasil e Argentina já iniciaram o uso do yuan em operações de exportação e importação de commodities como minério de ferro e lítio. Em 2024, estima-se que a participação do yuan nos pagamentos transfronteiriços na América Latina tenha alcançado 14%, quase cinco vezes mais que em 2019.

Yuan se consolida como alternativa para países emergentes

A crescente internacionalização da moeda chinesa reflete, segundo o jornal chinês, a demanda dos países em desenvolvimento por um sistema monetário global mais plural. Dados do Banco Popular da China indicam que, ao final de 2024, o yuan era a quarta moeda mais usada em pagamentos internacionais e a terceira no financiamento de comércio exterior.

A entrada do Brasil nesse ecossistema — por meio de panda bonds, swaps cambiais e acordos de liquidação em moeda local — reforça essa tendência. “À medida que mais países se integram ao sistema financeiro internacional centrado no yuan, uma ordem financeira global mais diversificada começa a tomar forma”, conclui o editorial do Global Times.

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