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China inaugura a ponte mais alta do mundo em Guizhou

Com 625 metros de altura, a Ponte do Grande Cânion Huajiang reduz viagens de horas para minutos e reforça a aposta da China em megainfraestrutura

Ponte do Grande Cânion Huajiang, em Guizhou (Foto: Xinhua)

247 - A China está prestes a inaugurar neste mês a ponte mais alta do planeta, a Ponte do Grande Cânion Huajiang, erguida na província de Guizhou. Segundo a Folha de S.Paulo. A megaestrutura atinge 625 metros de altura — quase o dobro da Torre Eiffel — e se estende por 2,9 quilômetros sobre um profundo cânion conhecido como “fenda da Terra”.

Segundo a agência estatal Xinhua, a obra passou por rigorosos testes de carga em agosto e será aberta ao tráfego ainda neste mês. A nova ligação encurtará drasticamente o trajeto entre os condados de Guanling e Zhenfeng, onde vivem cerca de 600 mil pessoas, reduzindo o tempo de viagem de duas horas para apenas dois minutos. O projeto, iniciado em 2022, representa mais um marco da estratégia chinesa de transformar grandes obras em motores de crescimento e símbolos de prestígio político.

Símbolo de poder e tecnologia

O People’s Daily, jornal oficial do Partido Comunista, celebrou a inauguração como um novo “milagre chinês” e destacou que a ponte simboliza a “velocidade e sabedoria de Guizhou”. Para especialistas, trata-se de uma vitrine de poder. “O Partido Comunista acredita em erguer projetos enormes para impulsionar a economia e reforçar o prestígio político”, analisou Dan Wang, pesquisadora da Hoover Institution, em Stanford.

O engenheiro-chefe Liu Hao, de 42 anos, expressou orgulho pela conquista. “Inúmeros engenheiros como eu tiveram a sorte de viver a era dourada da infraestrutura de transporte da China”, afirmou. Ele já supervisionou seis outras megapontes na região e revelou planos pessoais: “Quando a ponte abrir, vou trazer minha filha para mostrar a ela com orgulho: ‘esse é mais um megaprojeto que seu pai e tantos outros realizaram juntos’”.

Desafios e inovações

A obra enfrentou condições extremas, como encostas íngremes e ventos fortes. Para aumentar a segurança, os engenheiros adotaram um arco mais leve, reduzindo em 30% o peso da estrutura. Além da função de transporte, o projeto aposta no turismo: a ponte contará com um elevador panorâmico de 213 metros, um mirante e um caminho de vidro de quase 1 quilômetro para pedestres, segundo a emissora estatal CCTV.

“O que fazemos é preencher lacunas e fortalecer os pontos fracos da malha viária”, destacou Li Mingshui, professor de engenharia civil da Universidade de Jiaotong, em Chengdu, ao comparar a realidade chinesa com a dos Estados Unidos, que já têm uma rede rodoviária consolidada.

Estratégia nacional de infraestrutura

A nova ponte se soma a outras obras monumentais já entregues pelo país, como a Ponte Beipanjiang, inaugurada em 2016 a 565 metros de altura, e a Hangzhou Bay Bridge, a mais longa sobre o oceano aberto, com 35 quilômetros de extensão. 

Os megaprojetos seguem como prioridade. Um relatório da consultoria McKinsey de 2023 apontou que a expansão da infraestrutura foi o principal motor do crescimento chinês nas últimas quatro décadas.

O presidente Xi Jinping mantém a defesa de uma “ofensiva abrangente” de infraestrutura como peça-chave da recuperação econômica pós-pandemia. Em agosto, o premiê Li Qiang reforçou que grandes obras devem servir de “exemplo e motor” para estimular investimentos e consumo. Guizhou, uma das províncias mais pobres e montanhosas do país, tornou-se vitrine dessa estratégia ao reunir modernos aeroportos, rodovias e agora algumas das pontes mais impressionantes do mundo.

Como resumiu o pesquisador Dan Wang, a opção por grandes obras revela uma escolha política: “Em vez de distribuir recursos diretamente à população, os líderes em Pequim preferem canalizá-los para erguer projetos monumentais”.

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