China e União Europeia celebram 50 anos de relações diplomáticas com apelo por cooperação e abertura
Comércio bilateral alcança US$ 780 bilhões e autoridades defendem aprofundamento dos laços diante de tensões geopolíticas
247 - Pequim e Bruxelas comemoram nesta terça-feira (6) o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e a União Europeia (UE), marcando meio século de um relacionamento que evoluiu para uma das parcerias comerciais mais robustas do mundo. Desde 1975, quando a então Comunidade Econômica Europeia formalizou os laços com a China, o comércio bilateral saltou de US$ 2,4 bilhões para impressionantes US$ 780 bilhões anuais.
Reportagem da Prensa Latina aponta que o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, enfatizou a importância estratégica da parceria entre os dois blocos. “A China e a UE são parceiros comerciais essenciais, com economias altamente complementares”, afirmou ele durante uma conversa telefônica recente com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Segundo Li, a China está pronta para manter intercâmbios de alto nível, fortalecer a confiança política e ampliar a cooperação prática para tratar das preocupações mútuas.
Li também aproveitou a ocasião para criticar o aumento do protecionismo global e o uso de tarifas como instrumentos de pressão, numa alusão às políticas comerciais dos Estados Unidos. Ele qualificou tais práticas como “exemplos claros de unilateralismo, protecionismo e comportamento econômico coercitivo”.
Nos últimos meses, uma série de encontros entre autoridades políticas, empresários e delegações dos dois lados sinalizou uma retomada no diálogo bilateral, em meio a um cenário internacional marcado por instabilidade, guerras comerciais e disputas tecnológicas. A aproximação sino-europeia busca criar alternativas diante do crescente antagonismo entre as potências ocidentais e orientais.
Em editorial publicado nesta segunda-feira, o Diário do Povo, veículo oficial do Partido Comunista da China, destacou as vantagens mútuas dessa parceria econômica. “Em muitos setores, especialmente nas indústrias automotiva e de luxo, a Europa traz experiência em design, rigor regulatório e inovação, enquanto a China traz fabricação de alta qualidade, mão de obra qualificada e uma ampla e dinâmica base de consumidores”, avaliou o jornal.
O editorial também propõe uma visão de futuro para os laços sino-europeus, defendendo que “essa mesma filosofia deve sustentar os laços futuros entre a Europa e a China: priorizar a abertura em vez do protecionismo, o diálogo em vez da desconfiança e a colaboração em vez de noções exageradas de 'competição e rivalidade sistêmicas' que podem manchar as relações bilaterais”.
Entre os principais desafios no horizonte está a disputa em torno dos subsídios chineses a veículos elétricos, que a UE considera injustos e prejudiciais à indústria europeia. A China, por sua vez, argumenta que essas preocupações devem ser resolvidas por meio do diálogo e não por meio de investigações unilaterais ou sanções.
No espírito da comemoração, estão em andamento os preparativos para a próxima cúpula bilateral, prevista para a segunda quinzena de julho na China. A expectativa é de que o encontro sirva para consolidar compromissos de cooperação em áreas como inovação tecnológica, sustentabilidade, infraestrutura verde e governança global.
Cinquenta anos após o início das relações diplomáticas, China e União Europeia demonstram disposição de seguir adiante com uma parceria baseada no respeito mútuo e no benefício compartilhado. Num mundo cada vez mais polarizado, esse gesto de reafirmação pode ser visto como um sinal de que ainda há espaço para a diplomacia e o entendimento multilateral.
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