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Guerra tarifária dos EUA contra a China revela impasse global no comércio internacional

China denuncia tática coercitiva de Washington e alerta que ações unilaterais só fortalecerão a desordem na economia global

(Foto: Gerada por IA/DALL-E)
José Reinaldo avatar
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247 - Em editorial publicado nesta segunda-feira (22), o jornal Global Times reagiu duramente à nova estratégia tarifária dos Estados Unidos, classificando-a como "hegemonia econômica" e um retorno à “lei da selva” no comércio internacional. A publicação alerta que, diante da extorsão tarifária, o apaziguamento e o compromisso equivalem a “negociar com um tigre por sua pele”.

A reação veio após relatos de que o governo dos EUA estaria pressionando países parceiros a reduzirem seus laços comerciais com a China como condição para receber isenções tarifárias. Em resposta, um porta-voz do Ministério do Comércio da China criticou a tentativa de Washington de impor unilateralmente sua agenda: “Tentativas de negociar os interesses alheios em troca de isenções tarifárias estão fadadas ao fracasso e, em última análise, prejudicarão todas as partes envolvidas”, afirmou. 

O Global Times argumenta que os Estados Unidos vêm usando sua posição como maior mercado consumidor mundial para coagir dezenas de países a tomar partido em sua disputa geopolítica com a China. A publicação afirma que Washington superestima seu próprio poder e subestimar tanto a resiliência chinesa quanto a complexidade das cadeias globais de valor, reforçando que “desvincular-se da China é como comer sopa com um garfo”.

De fato, a China tem se consolidado como parceiro comercial essencial para mais de 150 países, liderando o comércio global de mercadorias há oito anos consecutivos. A tentativa dos EUA de desestruturar esses vínculos, segundo o editorial, resulta apenas em insegurança econômica e isolamento para os próprios aliados americanos.

A resistência global à pressão de Washington já começou a se manifestar. A chanceler do Tesouro do Reino Unido, Rachel Reeves, prestes a embarcar para uma rodada de negociações com os EUA, foi clara: “Seria muito tolo cortar laços comerciais com o mercado chinês”. A fala de Reeves é vista pelo Global Times como expressão do sentimento predominante na comunidade internacional, refletido também em posicionamentos recentes de líderes e economistas da ASEAN, da União Europeia, do Japão e da Coreia do Sul. 

A força gravitacional da economia chinesa se confirma em eventos como a 137ª Feira de Cantão, realizada em Guangdong, que reuniu quase 150 mil compradores estrangeiros de 216 países e regiões — um crescimento de mais de 20% em relação ao ano anterior. Para o Global Times, esse movimento comprova que “a coerção política não pode suprimir o impulso inerente à globalização econômica e ao multilateralismo”. 

O editorial também lembra que a Organização Mundial do Comércio (OMC) determina que os países-membros devem seguir o princípio da não discriminação. Para Pequim, ceder ao protecionismo e ao unilateralismo é não apenas infringir essas regras, mas comprometer os próprios fundamentos da ordem econômica global. 

A advertência vai além do discurso político. Um estudo da Oxford Economics, citado pelo jornal, projeta um cenário de “mundo fraturado”, onde o avanço do nacionalismo econômico e das restrições comerciais poderia prejudicar severamente os mercados emergentes. A tendência, segundo a análise, é que o desmantelamento da globalização aumente os custos e a instabilidade, travando o crescimento global. 

Nesse sentido, a China reafirma sua posição como defensora das normas multilaterais e convida outras economias a embarcarem em seu “trem expresso do desenvolvimento”. Contudo, o país avisa que não aceitará que seus interesses sejam usados como moeda de troca: “Ceder ao unilateralismo e ao protecionismo não só mina o sistema multilateral de comércio, como também ameaça os próprios alicerces da ordem econômica global”, afirma o editorial.

A publicação conclui com um alerta às lideranças mundiais: qualquer tentativa de alinhar-se aos EUA em detrimento da China será avaliada criteriosamente por Pequim. “Esperamos que todas as partes tenham uma visão de longo prazo e tomem a decisão certa.”

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