China, Canadá e México preparam contramedidas para enfrentar aumento de tarifas anunciado por Trump
Aumento da tarifas de importação de produtos oriundos desses países está programada para ter início nesta terça-feira
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está prestes a impor tarifas sobre importações do Canadá e do México, além de dobrar a tarifa vigente sobre produtos chineses. A medida, programada para entrar em vigor na terça-feira, amplia a estratégia do governo estadunidense para impulsionar a indústria nacional e gerar novas receitas, além de tensionar ainda mais as relações comerciais com os principais parceiros dos EUA.
As novas tarifas, anunciadas há meses e finalmente concretizadas, devem afetar cerca de US$ 1,5 trilhão em importações anuais. As sanções, segundo o jornal O Globo,incluem uma taxa de 25% sobre todos os produtos canadenses e mexicanos, com exceção do setor energético do Canadá, que será taxado em 10%. Já a tarifa sobre a China será elevada para 20%.
Embora ainda haja a possibilidade de adiamento, Trump tem reforçado que as tarifas serão um instrumento de pressão para que os países vizinhos intensifiquem medidas de controle na fronteira, especialmente no combate ao tráfico de migrantes e drogas, como o fentanil, um opióide que contribuiu para a crise de saúde nos EUA.
O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que tanto o Canadá quanto o México têm tomado medidas significativas no controle de fronteiras, mas que o problema do fentanil persiste. "Eles fizeram muito, então ele (Trump) está pensando agora exatamente como quer lidar com o México e o Canadá. É uma situação em evolução", disse Lutnick em entrevista ao programa Sunday Morning Futures, da Fox News.
Na noite de domingo, a Casa Branca sinalizou que as tarifas devem ser aplicadas ao modificar ordens executivas emitidas no início do governo Trump. A mudança suspende a isenção de tarifas para itens de baixo valor enviados do Canadá e do México, permitindo que os EUA implementem taxas sobre essas mercadorias.
As bolsas de valores chinesas registraram queda após o anúncio das tarifas, enquanto o ouro subiu, refletindo a busca por ativos seguros diante da incerteza econômica. As moedas de países asiáticos dependentes do comércio com a China também sofreram desvalorização. Nos EUA, o mercado futuro reagiu com leve alta, à espera de uma possível flexibilização de última hora.
O governo de Xi Jinping estuda retaliar as novas tarifas americanas, mirando produtos agrícolas e alimentícios dos EUA, segundo o Global Times, veículo estatal chinês. A medida pode impactar exportações americanas e aprofundar a crise no setor agrícola dos EUA.
Ainda de acordo com a reportagem, a estratégia de Trump pode gerar novas receitas para compensar cortes de impostos que ele planeja implementar, mas também apresenta riscos para a economia americana, que já dá sinais de estresse. Com quedas recentes nas ações e criptomoedas, além da baixa confiança do consumidor e inflação elevada, uma nova guerra tarifária pode resultar em uma venda generalizada de ativos e aprofundar a instabilidade.
No Canadá, as tarifas abrangem quase todos os produtos, exceto petróleo bruto, gás natural e outros itens energéticos, taxados em 10%. O primeiro-ministro Justin Trudeau estuda aplicar um imposto de exportação sobre petróleo para que os motoristas americanos sintam diretamente os impactos da guerra comercial.
"Continuaremos trabalhando para evitar a imposição das tarifas na terça-feira. No entanto, se elas forem aplicadas, daremos uma resposta forte, inequívoca e proporcional, como os canadenses esperam", declarou Trudeau.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, considera alternativas para evitar as tarifas, incluindo novas sanções contra a China. O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, elogiou a possibilidade e encorajou os parceiros comerciais dos EUA a adotarem medidas similares.
Apesar das tentativas de negociação, as tarifas podem reacender a inflação americana e prejudicar a cadeia de suprimentos da América do Norte, especialmente na indústria automobilística. Além disso, a medida pode ser contestada judicialmente com base no Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que Trump renegociou durante seu primeiro mandato.
Para mostrar disposição em cooperar com os EUA em questões de segurança, o México extraditou 29 acusados de tráfico de drogas para os Estados Unidos na última quinta-feira. Autoridades mexicanas esperam que essa ação ajude a adiar as tarifas e abrir novas rodadas de negociação comercial.
Além das medidas contra o Canadá e o México, Trump planeja ampliar tarifas com base em relatórios que devem ser entregues até 1º de abril. Entre as opções está a chamada "tarifa recíproca", que cobraria taxas equivalentes às tarifas aplicadas pelos países parceiros sobre produtos americanos. Outra possibilidade são tarifas setoriais, com sanções sobre aço, alumínio, automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos, previstas para começar em março e abril.
No último sábado, Trump ordenou ao Departamento de Comércio que investigasse os impactos das importações de madeira sobre a segurança nacional dos EUA, o que pode abrir caminho para novas tarifas direcionadas ao Canadá. Ambos os países buscam alternativas para impedir uma guerra comercial em larga escala. O Canadá nomeou um "czar do fentanil" e implementou novas medidas de segurança de fronteira, mas Trump insiste que isso não é suficiente. Uma fonte da Casa Branca indicou que o critério de Trump para avaliar a questão é o número de mortes por fentanil nos EUA.
Diante desse cenário, o Canadá prepara um pacote de retaliações contra os EUA, estimado em C$ 30 bilhões (US$ 20,75 bilhões), podendo alcançar C$ 125 bilhões (US$ 86,4 bilhões) em três semanas. O México, por sua vez, ainda não detalhou planos de resposta.
A China também criticou a postura de Washington. " "O aumento unilateral das tarifas pelos EUA viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e representa um ato típico de unilateralismo e protecionismo comercial", destacou a Embaixada da China em comunicado oficial, de acordo com a reportagem".
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