China alerta alerta contra ressurgimento do militarismo japonês
Ministério da Defesa da China reage com veemência a novo documento estratégico do Japão e pede respeito à soberania chinesa e à ordem internacional
247 - O governo chinês expressou forte repúdio ao novo plano estratégico de defesa divulgado pelo Japão, intitulado Defesa do Japão 2025, classificando o conteúdo como provocativo, ofensivo e uma distorção deliberada da realidade. As declarações foram feitas nesta quarta-feira (16) pelo porta-voz do Ministério da Defesa Nacional da China, Jiang Bin, em pronunciamento repercutido pelo jornal Global Times.
O documento japonês caracteriza a China como "um desafio estratégico sem precedentes e o maior", acusa Pequim de promover "mudanças unilaterais no status quo pela força" e traz referências consideradas inapropriadas pela China sobre a questão de Taiwan. Em resposta, Jiang Bin afirmou que o Japão "fabricou narrativas falsas, exagerou grosseiramente a 'ameaça chinesa' e interferiu descaradamente nos assuntos internos da China".
De acordo com o porta-voz, a China já apresentou representações diplomáticas formais ao governo japonês e reiterou sua oposição firme às afirmações feitas no relatório. “A China expressa forte insatisfação e firme oposição a isso”, declarou Jiang.
O Ministério da Defesa chinês também afirmou que Tóquio utiliza a alegada "ameaça chinesa" como pretexto para justificar uma perigosa escalada militar. Segundo Jiang, o Japão está adotando medidas que rompem com a política pacifista: “Está aumentando significativamente seu orçamento de defesa, afrouxando gradualmente as restrições à exportação de armas, formando pequenos blocos militares para promover o confronto e até mesmo sugerindo revisões de seus Três Princípios Não Nucleares”.
Na avaliação chinesa, tais ações não apenas contrariam a Constituição de Paz japonesa, como também representam uma ameaça à estabilidade regional e global. “Essas ações violam gravemente a Constituição de Paz do Japão, minam a ordem internacional do pós-guerra e representam um sério desafio à paz e à estabilidade na região da Ásia-Pacífico”, afirmou o porta-voz. Ele alertou que o comportamento de Tóquio “já despertou profunda preocupação e aumentou a vigilância entre os países asiáticos vizinhos e a comunidade internacional em geral”.
O alerta chinês ganha peso simbólico neste ano, quando se comemoram os 80 anos da vitória da China na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa e o fim da Segunda Guerra Mundial. Jiang destacou ainda que 2025 também marca o 80º aniversário da recuperação de Taiwan pelo governo chinês, após a rendição japonesa em 1945. Nesse contexto, ele lembrou que o retorno da ilha à soberania chinesa foi um dos desdobramentos da vitória antifascista e integra a ordem internacional estabelecida no pós-guerra.
“Ao invés de refletir seriamente sobre seu passado militarista, o Japão está mais uma vez demonstrando tendências perigosas em direção à expansão militar”, advertiu Jiang Bin.
A China exige que o Japão respeite os compromissos firmados nos quatro documentos políticos que regem as relações bilaterais, bem como sua posição histórica em relação a Taiwan. “Instamos o Japão a aprender profundamente com as lições históricas, a parar de difamar e acusar a China, a respeitar sinceramente o espírito dos quatro documentos políticos China-Japão e seus compromissos com a questão de Taiwan e a tomar medidas concretas para promover o desenvolvimento sólido e estável das relações China-Japão”, declarou o porta-voz do Ministério da Defesa.
O comunicado revela a crescente tensão geopolítica no leste asiático, especialmente em um momento de reconfiguração de alianças militares e disputas estratégicas envolvendo não apenas China e Japão, mas também os Estados Unidos.
A crítica chinesa também tem respaldo histórico: o militarismo japonês, especialmente nas primeiras décadas do século XX, foi responsável por agressões brutais em diversos países asiáticos, incluindo massacres e ocupações prolongadas na China continental. Relembrar esse passado, segundo o governo chinês, não é apenas uma questão de memória, mas um alerta necessário para evitar a repetição de tragédias.
A crescente tensão entre as duas potências asiáticas ocorre em meio à intensificação das disputas no Mar do Sul da China e aos crescentes exercícios militares conjuntos entre Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos — iniciativas constituem uma provocação à China.
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