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Campanha contra Venezuela busca derrubar governo Maduro, diz Rússia na ONU

Diplomata russo Vassily Nebenzia denuncia no Conselho de Segurança que Washington prepara cenário de invasão

Vasili Nebenzia, embaixador da Rússia na ONU (Foto: Reuters)

247 – Durante reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada pela Venezuela, o embaixador russo Vassily Nebenzia acusou os Estados Unidos de conduzirem uma campanha para derrubar o governo venezuelano, utilizando os mesmos métodos de desestabilização política que marcaram as chamadas “revoluções coloridas”. A denúncia foi divulgada pela RT Brasil nesta sexta-feira (10).

Segundo o diplomata, Caracas enfrenta “pressão sem precedentes de invasão militar” por parte de Washington. Nebenzia relatou que os Estados Unidos deslocaram cerca de 4.000 soldados, além de destróieres, submarinos nucleares e aviões de patrulha, em uma movimentação que classificou como provocativa.

“A cada dia, a situação se torna mais grave. O que é isso? Preparação para uma invasão ou apenas treinamentos militares?”, questionou. “Poderíamos acreditar na segunda hipótese se não estivéssemos falando de um Estado soberano, cuja derrubada do regime é abertamente mencionada por altos oficiais norte-americanos como meta de política externa”, afirmou.

Crítica à narrativa dos “Cartéis do Sol”

Nebenzia também ironizou o argumento norte-americano de que supostos “Cartéis do Sol”, vinculados ao governo venezuelano, estariam traficando drogas para os Estados Unidos. O diplomata afirmou que se trata de uma “ficção digna de filme de Hollywood”, sem respaldo em fatos ou dados concretos.

“A Casa Branca pode, é claro, rejeitar os dados da ONU, mas os próprios relatórios oficiais do Departamento de Estado não mencionam os ‘cartéis do sol’”, declarou.

Com base em dados oficiais, Nebenzia observou que a maior parte da cocaína que chega aos Estados Unidos entra pelo Oceano Pacífico — rota marítima à qual a Venezuela sequer tem acesso. Ele destacou ainda que o tema só passou a ser citado em relatórios norte-americanos “há poucos meses”, o que, segundo ele, evidencia o caráter artificial da narrativa.

“Princípio do faroeste”

A diplomacia russa também denunciou o que chamou de “execuções sumárias” realizadas por forças norte-americanas em alto mar. Moscou criticou os ataques a embarcações sob suspeita de tráfico, nos quais “toda a tripulação foi executada sem investigação ou julgamento”.

“Embarcações com pessoas foram simplesmente atacadas em alto mar, sem investigação ou julgamento, seguindo o princípio do faroeste de atirar primeiro”, afirmou o representante russo.

Para Nebenzia, essas ações demonstram a lógica do “excepcionalismo norte-americano”, em que os Estados Unidos se permitem agir livremente, enquanto os demais países só podem fazer o que Washington autoriza.

Tentativa de “revolução colorida”

Moscou classificou as recentes operações e pressões políticas contra Caracas como parte de uma “campanha aberta” destinada a minar o governo venezuelano e instalar um regime alinhado aos interesses de Washington.

“A Venezuela é alvo das ferramentas tradicionais das revoluções coloridas, que já causaram sofrimento a várias populações ao redor do mundo”, denunciou a diplomacia russa.

Para o governo russo, o objetivo dos Estados Unidos é claro: “derrubar um governo que não lhes agrada” e reafirmar sua influência na América Latina por meio de métodos de coerção militar, econômica e psicológica.

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