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Brasil minimiza “fator Venezuela” em negociações sobre o tarifaço de Trump

Governo Lula vê a Cúpula da Celac como espaço de diálogo regional e afasta impacto nas relações com Donald Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos durante encontro em Kuala Lumpur, Malásia - 26/10/2025 (Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein)

247 - Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmam que a participação presencial do chefe de Estado na Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) é estratégica para reafirmar o papel do Brasil como articulador regional. A avaliação é de que o chamado “fator Venezuela” não deverá interferir nas negociações em curso com os Estados Unidos, especialmente nas tratativas para a reversão do tarifaço.

Segundo informações divulgadas pela CNN Brasil, integrantes do governo acreditam que divergências diplomáticas são parte natural das relações internacionais e que o debate em torno da Venezuela não afetará o diálogo com o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Há duas semanas, Lula e Trump se encontraram pessoalmente, e o brasileiro se ofereceu para atuar como mediador no conflito envolvendo Caracas e Washington. Desde então, equipes técnicas de ambos os países têm avançado nas conversas sobre pontos de interesse mútuo.

Enquanto isso, o governo norte-americano tem endurecido o discurso contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chegando a afirmar que “os dias dele estão contados”. Em contrapartida, o Brasil tenta adotar uma postura de equilíbrio, defendendo a pacificação e o diálogo na região. O Itamaraty chegou a divergir de Caracas ao declarar que a presença de navios norte-americanos no Caribe não infringe o Tratado de Tlatelolco — o acordo que estabelece a América Latina como zona livre de armas nucleares.

Mesmo assim, Lula recebeu recentemente uma mensagem de agradecimento de Maduro pelos apelos do brasileiro em favor da paz e da estabilidade regional. A posição de Brasília é de que a presença de Lula na Celac reforça o compromisso com a integração latino-americana e não deve ser interpretada como endosso ou rejeição a qualquer governo específico.

A reunião da Celac será realizada em Santa Marta, na Colômbia, nos dias 9 e 10 de novembro, e contará também com representantes da União Europeia. Para o governo brasileiro, o encontro é uma oportunidade de consolidar laços com o bloco europeu e impulsionar o acordo entre a UE e o Mercosul, que o país espera concluir ainda este ano.

Diplomatas brasileiros ressaltam que o Brasil, por fazer fronteira com dez países sul-americanos, não poderia se ausentar de um foro multilateral dessa importância. “Não faria sentido faltar à reunião porque país x ou y estará presente”, observou um integrante do Itamaraty.

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