Após acordo para a Faixa de Gaza, Trump diz que o Irã também quer "trabalhar pela paz"
O presidente dos EUA disse ter entrado em contato com autoridades do país asiático
247 - O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (9) que o Irã pretende “trabalhar pela paz”. O país asiático é apontado como um dos principais apoiadores do Hamas no Oriente Médio. O chefe da Casa Branca fez o comentário após um acordo anunciado nessa quarta (8) para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde, segundo o Ministério da Saúde local, mais de 66 mil palestinos morreram desde outubro de 2023 vítimas dos ataques israelenses.
“O Irã quer trabalhar pela paz agora, eles nos informaram. E eles reconheceram que são totalmente a favor deste acordo”, disse Trump durante reunião do gabinete norte-americano. O país asiático é presidido por Masoud Pezeshkian.
A proposta apresentada pelos Estados Unidos para o fim da guerra na Faixa de Gaza prevê que o Hamas terá até 72 horas para libertar todos os reféns, vivos ou mortos. De acordo com o governo israelense, dos 48 reféns, apenas 20 estão vivos. Em troca, a previsão é que Israel liberte quase 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo condenados à prisão perpétua.
Em tese, o Hamas ganha anistia, desde que entregue armas. Não poderá participar do governo de Gaza. O território deve ter um governo temporário de transição formado por um comitê, composto por palestinos considerados “qualificados” e especialistas internacionais. E ficará sob supervisão do chamado "Conselho da Paz", chefiado por Trump.
Gaza: bloqueio de ajuda e colapso na saúde
As manifestações contra Israel também ganharam intensidade nos últimos dias após as barreiras impostas à entrada de ajuda humanitária destinada à Faixa de Gaza. Tropas israelenses interceptaram navios que levavam suprimentos de alimentos e medicamentos para a população local.
Na segunda-feira (6), o governo israelense expulsou a ativista sueca Greta Thunberg e outros 170 militantes que estavam detidos. Durante as ações contra as embarcações de apoio, mais de 400 pessoas chegaram a ser dadas como desaparecidas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou, no último dia 2, um cenário alarmante sobre os impactos da guerra em Gaza. Desde outubro de 2023, cerca de 167 mil pessoas foram feridas, com aproximadamente 42 mil enfrentando sequelas permanentes, e a situação é ainda mais crítica para as crianças, que representam uma em cada quatro vítimas. A OMS destaca que, das lesões registradas, 25% resultaram em danos irreversíveis, incluindo mais de 5 mil amputações.
Além das amputações, milhares de pessoas enfrentam lesões graves: mais de 22 mil ferimentos em membros superiores e inferiores, cerca de 2 mil na medula espinhal, 1,3 mil no cérebro e mais de 3,3 mil queimaduras severas. A situação, segundo a OMS, agrava ainda mais a necessidade de centros médicos especializados e serviços de reabilitação, já comprometidos pelo colapso do sistema de saúde local.
O relatório também chama atenção para o grande número de traumas faciais e oculares entre os feridos, muitas vezes levando a deformidades permanentes e estigmatização social, especialmente entre aqueles que aguardam evacuação médica. A OMS alerta que o sistema de saúde em Gaza está praticamente em colapso, com apenas 14 dos 36 hospitais funcionando parcialmente. As unidades de reabilitação enfrentam uma realidade ainda mais grave, com menos de um terço em operação, e nenhuma delas funcionando em sua capacidade total, apesar dos esforços contínuos de médicos e organizações parceiras.
A destruição do setor de reabilitação, já sobrecarregado antes do conflito, também é um dos principais problemas. Antes da guerra, Gaza contava com cerca de 1.300 fisioterapeutas e 400 terapeutas ocupacionais. Hoje, muitos desses profissionais foram deslocados ou perderam a vida – pelo menos 42 morreram até setembro de 2024.
O número reduzido de especialistas em reabilitação tem se mostrado insuficiente para atender a demanda crescente de amputados e feridos graves. Atualmente, Gaza conta com apenas oito técnicos capacitados para a produção e colocação de próteses, uma quantidade extremamente limitada frente ao número de vítimas que necessita desse tipo de atendimento.


