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Alckmin teve reunião com secretário dos EUA após aceno de Trump a Lula

Vice-presidente conversou com Howard Lutnick dois dias depois de o presidente americano sinalizar disposição de diálogo com Lula

Geraldo Alckmin (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

247 -  Dois dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizar abertura de diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Assembleia-Geral da ONU, o vice-presidente Geraldo Alckmin realizou uma videoconferência com o secretário do Comércio, Howard Lutnick. A reunião ocorreu na última quinta-feira (26) e foi confirmada por interlocutores próximos ao tema.

Segundo a reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, o encontro já estava agendado antes da Assembleia-Geral e foi mantido, em mais uma evidência de que canais discretos entre Brasília e Washington vêm sendo usados para reduzir tensões. Trump havia declarado que existiu “química” em sua conversa com Lula, gesto que abriu espaço para expectativas de avanços.

Contatos frequentes entre Brasília e Washington

Essa foi a segunda reunião de alto nível entre Alckmin e autoridades americanas desde que o Supremo Tribunal Federal condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Em 11 de setembro, no mesmo dia da decisão do STF, o vice-presidente brasileiro conversou virtualmente com Jamieson Greer, chefe do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR).

Essas interações foram parte de um esforço mais amplo do governo brasileiro para manter interlocução com Washington, movimento que antecedeu a viagem de Lula a Nova York. O objetivo era criar condições para que um eventual encontro com Trump pudesse ocorrer de forma construtiva, mesmo que breve.

A aproximação intensificou-se após julho, quando Trump oficializou a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. Desde então, empresários e membros do governo aumentaram a pressão por negociações. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se com o secretário de Estado, Marco Rubio, no mesmo dia em que a nova alíquota foi anunciada.

O encontro, realizado no escritório de advocacia King & Spalding, em Washington, teve apoio da Embraer, que foi poupada de parte das tarifas. A empresa busca agora eliminar a cobrança de 10% que ainda permanece sobre seus produtos. Segundo relatos, os americanos pediram que a reunião não ocorresse no Departamento de Estado para manter discrição.

Lobby empresarial e sinal verde da Casa Branca

Além do governo, empresários brasileiros também se mobilizaram em Washington. O empresário Joesley Batista, dono da JBS, esteve pessoalmente com Trump há cerca de três semanas. Ele discutiu tarifas aplicadas sobre carne e celulose e defendeu que a disputa fosse resolvida por meio do diálogo direto entre os dois governos.

Nos últimos dez dias, integrantes da administração brasileira passaram a perceber sinais de que Trump estaria disposto a conversar com Lula. Esses recados partiram principalmente da Casa Branca, que demonstrou mais abertura do que o Departamento de Estado, até então mais resistente.

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