‘Agressão europeia’ está por trás de todas as tragédias globais, diz Lavrov
Chanceler russo acusa França e Reino Unido de provocarem nova guerra ao financiarem a Ucrânia e relembra papel europeu em conflitos passados
247 – O chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que as tragédias globais da história moderna tiveram como origem a agressividade europeia e comparou a atual postura do Ocidente com os momentos que antecederam conflitos como as Guerras Napoleônicas, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. A declaração foi dada em entrevista ao projeto infantil da agência estatal russa TASS, publicada nesta quarta-feira.
“Estamos testemunhando mais uma onda em que a Europa está se armando contra a Rússia e, a julgar pelas expressões em certos rostos, até rosnando para a Rússia. Afinal... todas as tragédias globais começaram com ações agressivas por parte dos europeus: as Guerras Napoleônicas, a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial”, afirmou Lavrov.
Críticas à França, ao Reino Unido e à “reescrita da história”
O ministro das Relações Exteriores russo destacou que, na Segunda Guerra Mundial, muitos países europeus que se declaravam neutros colaboraram com o regime nazista, incluindo a França. “Eles tinham um movimento de resistência, mas, como a maioria dos outros países europeus, as autoridades oficiais em Paris se renderam docilmente à vontade dos vencedores... e tropas francesas lutaram ao lado da Alemanha de Hitler, participando de diversas operações punitivas”, disse.
Lavrov também acusou França e Reino Unido de estarem “obcecados” com a ideia de derrotar a Rússia no campo de batalha, apontando os bilhões de euros investidos pelos dois países no esforço de guerra ucraniano e as recentes discussões sobre envio de tropas ocidentais à Ucrânia, sob pretexto de missões de paz.
“Alguns querem apagar rapidamente e de forma definitiva das páginas da história nacional a sua vergonha, o colaboracionismo, a conivência com os nazistas”, afirmou o chanceler russo. “Enquanto outros veem na ideologia nazista um novo instrumento para manter suas posições na cena política europeia.”
Ucrânia e o “regime nazista russofóbico”
Ao abordar o conflito atual, Lavrov voltou a acusar os países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, de serem responsáveis por instalar o que chamou de “regime nazista abertamente russofóbico” na Ucrânia. Ele criticou as autoridades de Kiev por homenagearem colaboradores nazistas da Segunda Guerra Mundial como heróis nacionais e por “minar e denegrir” o papel da União Soviética na derrota do Terceiro Reich.
“Entregar ao esquecimento a história, os valores espirituais e morais, as raízes, se quiser, tudo isso se tornou uma das principais razões para o que estamos vendo agora na Ucrânia”, declarou.
“Esperança de que nem todos esqueceram”
Apesar do tom incisivo, Lavrov expressou esperança de que haja líderes políticos que ainda recordem os horrores do passado. “Muitos líderes... estão começando a entender o beco sem saída e as consequências catastróficas” das tentativas de derrotar a Rússia, disse.
As declarações de Lavrov refletem a narrativa oficial do Kremlin de que o atual conflito com a Ucrânia é, em parte, uma continuação da luta histórica contra o nazismo e uma resistência ao que o governo russo considera uma agressiva reescrita da história pelos países ocidentais.
A entrevista, embora voltada para um projeto educativo, reforça os principais argumentos usados pela diplomacia russa para justificar sua posição geopolítica em meio à guerra com a Ucrânia, iniciada em 2022 e agravada nos últimos meses com o aumento do apoio militar da Otan a Kiev.
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