Mídia do Sul Global defende cooperação, combate às fake news e uso ético da inteligência artificial em crises
O encontro reuniu Rishabh Gulati, da NewsX, da Índia; Leonardo Attuch, do 247; Omid Hussein Ali, do Iraque, e Jata Kazondo, da Namíbia
247 – A cooperação entre veículos de comunicação internacionais e o enfrentamento dos desafios trazidos pela inteligência artificial foram os principais temas debatidos em uma conferência online promovida pelo grupo de mídia Rossiya Segodnya, no Dia Internacional da Solidariedade dos Jornalistas. A notícia foi publicada originalmente pelo portal NewsX link.
O encontro reuniu nomes de destaque da imprensa mundial: Rishabh Gulati, editor-chefe e CEO da NewsX, da Índia; Leonardo Attuch, fundador e CEO do portal Brasil 247; Omid Hussein Ali, editor e correspondente da Agência de Notícias do Iraque; Jata Kazondo, diretor-executivo da Agência de Notícias da Namíbia; além de Vasily Pushkov, diretor de cooperação internacional da Rossiya Segodnya.
Cooperação entre o Sul Global
Abrindo o debate, Leonardo Attuch defendeu maior integração entre os meios de comunicação do Sul Global para que suas narrativas sejam mais presentes no cenário internacional.
“Precisamos aprofundar a colaboração entre os países do Sul Global, ou da maioria global, para garantir que nossas vozes e perspectivas sejam melhor representadas na mídia internacional. A mídia tem um papel central na desconstrução de estereótipos e na promoção do entendimento mútuo. Isso inclui enfrentar narrativas negativas que alimentam a intolerância. Neste momento, é crucial confrontar a russofobia, que distorce percepções, fomenta hostilidade e mina a cooperação internacional construtiva”, afirmou o jornalista brasileiro.
Desafios da inteligência artificial
Rishabh Gulati chamou a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas redações diante da inteligência artificial e sua relação com as novas gerações.
“Temos dificuldade em nos conectar com a nova geração, que está sobretudo nas redes sociais. Os desafios da IA vão muito além dos casos de uso. Não consigo identificar um uso confiável e seguro de IA além da tradução, que ainda assim não é totalmente confiável. Temos uma grande comunidade jornalística na Índia e nos apoiamos fortemente uns nos outros”, destacou.
O papel da imprensa em zonas de conflito
Omid Hussein Ali lembrou os riscos enfrentados por repórteres em regiões de guerra, como em Gaza, e ressaltou a importância de combater a desinformação.
“O jornalismo enfrenta sérios desafios em todo o mundo, especialmente no Oriente Médio. Em Gaza, vimos quantos jornalistas foram mortos. Fake news e desinformação se espalham muito rapidamente, muitas vezes mais rápido do que a verdade, todos os dias nas redes sociais. Um único boato, uma imagem falsa ou uma manchete distorcida pode mudar a opinião das pessoas e até gerar ódio. Para os jornalistas, nunca foi tão importante checar e verificar, lutar pela precisão. Não é fácil, mas é o único caminho para construir confiança com o público. Hoje, cobrir guerras não é apenas estar fisicamente seguro, mas também se proteger no mundo digital. Precisamos de uma conversa global para garantir que essas ferramentas, como a IA, sejam usadas de forma ética e transparente”, declarou.
Uma pauta global
O evento reforçou que a solidariedade jornalística e a cooperação internacional são elementos centrais para enfrentar tanto os riscos digitais como os desafios geopolíticos contemporâneos. A necessidade de enfrentar preconceitos, promover informação precisa e utilizar novas tecnologias com ética aparece como consenso entre os participantes.