Executivos do Google e da Oracle minimizam preocupações sobre bolha de inteligência artificial
Durante o Fórum de Investimentos Futuro em Riad, líderes de tecnologia afirmam que a demanda por IA ainda supera a oferta
247 – Durante o Fórum de Investimentos Futuro (FII), realizado nesta semana em Riad, na Arábia Saudita, executivos de grandes empresas de tecnologia defenderam que o atual boom da inteligência artificial (IA) não representa uma bolha especulativa, mas sim o início de uma nova fase de expansão global. As declarações foram publicadas pela Bloomberg nesta terça-feira (28).
O CEO da Oracle, Mike Sicilia, afirmou que a próxima etapa da IA será marcada pela integração entre dados privados e modelos avançados em setores sensíveis, como o bancário e o de saúde. Segundo ele, “a demanda supera em muito a oferta”, afastando a hipótese de um colapso especulativo. Sicilia explicou que empresas dessas áreas têm sido cautelosas no uso de IA devido a riscos de vazamento de informações, mas previu uma rápida transformação à medida que a segurança tecnológica evolui.
Humain e a ambição saudita na IA
O fórum também destacou o papel da Humain, empresa lançada em maio pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, avaliado em US$ 925 bilhões. A companhia é o centro da estratégia saudita para consolidar a liderança regional em IA, unificando iniciativas em data centers, computação em nuvem e semicondutores.
Em poucos meses, a Humain firmou parcerias e iniciou negociações com gigantes do setor, incluindo a AMD e a xAI, empresa de Elon Musk. A empresa também criou o fundo Humain Ventures, de US$ 10 bilhões, voltado ao investimento em startups de tecnologia.
Durante o painel “Quem lidera o mundo com IA”, o CEO da Humain, Tareq Amin, afirmou que o mundo ainda subestima o potencial da tecnologia. “A demanda é muito maior do que as pessoas imaginam”, disse Amin. Já Ruth Porat, diretora financeira da Alphabet (controladora do Google), reforçou que o mercado está apenas no início da adoção em larga escala da IA.
Capital privado e liquidez global
O evento também abordou a escassez de liquidez e a crescente importância dos mercados privados para o financiamento global. A CEO da Franklin Templeton, Jenny Johnson, destacou a necessidade de ampliar o acesso a capitais privados e comentou que, apesar das tensões fiscais e do aumento da dívida dos Estados Unidos, o cenário econômico ainda inspira confiança. “Não é um problema até que se torne um problema”, afirmou.
Investidores como Bill Ackman e Steve Schwarzman concordaram que o crescimento contínuo da economia americana é suficiente, por enquanto, para conter preocupações com o endividamento.
IA no setor financeiro
O avanço da IA também chegou às operações internas dos grandes bancos. A Citigroup começou a utilizar a tecnologia para automatizar relatórios de desempenho, processo descrito por sua CEO, Jane Fraser, como uma das tarefas “mais temidas” do ciclo anual de gestão. Segundo a Bloomberg, a medida faz parte do esforço do setor financeiro para aplicar IA em funções administrativas e de análise.
Energia e o futuro dos hidrocarbonetos
Além das discussões sobre tecnologia, o presidente e CEO da Saudi Aramco, Amin Nasser, previu que a demanda global por petróleo poderá crescer até 1,4 milhão de barris por dia em 2026, contrariando previsões da Agência Internacional de Energia (AIE), que aponta para um excedente recorde de oferta. Nasser observou ainda que, na última década, a demanda combinada por petróleo, gás e carvão aumentou cerca de 15%, enquanto as fontes renováveis compensaram apenas uma pequena fração desse crescimento.
A Bloomberg lembra que, embora a transição energética seja um tema constante em fóruns globais, líderes do setor petrolífero continuam confiantes de que os hidrocarbonetos terão papel relevante na matriz energética por muitos anos.


