Fundo Florestas Tropicais para Sempre consolida apoio internacional e inaugura novo modelo de financiamento climático
Iniciativa liderada pelo Brasil para a COP30 ganha respaldo de países, setor privado, instituições multilaterais e comunidades indígenas
247 - Durante a Semana de Ação Climática de Londres, encerrada nesta sexta-feira (28), o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) avançou como uma das iniciativas mais promissoras na busca por soluções concretas para financiar a preservação das florestas tropicais. Lançado pelo governo brasileiro durante a COP28, o mecanismo ganha força como uma proposta inovadora para mobilizar recursos em larga escala, com pagamentos baseados em resultados e forte participação dos povos indígenas e comunidades locais. A informação é da Agência GOV.
O evento em Londres, considerado um dos mais relevantes fóruns preparatórios para a COP30, que ocorrerá em novembro em Belém (PA), reuniu representantes de governos, instituições financeiras, organizações da sociedade civil e lideranças indígenas. Países como Reino Unido, Noruega, Emirados Árabes Unidos, Colômbia, Peru, Indonésia, República Democrática do Congo e Gana expressaram apoio ao TFFF, assim como gigantes do setor privado, incluindo Pimco, Bank of America e Barclays.
"O Fundo Florestas Tropicais para Sempre representa uma solução ousada, inspiradora e extremamente promissora para o futuro. Estamos muito satisfeitos em colaborar com o governo do Brasil nessa iniciativa. Ela oferece uma oportunidade para que o Norte e o Sul globais trabalhem juntos, como uma coalizão de esperançosos e determinados, em um mundo repleto de dúvidas e incertezas”, afirmou Ed Miliband, Secretário de Estado para Energia e Mudança Climática do Reino Unido.
O TFFF propõe uma mudança estrutural no modelo de financiamento ambiental ao combinar investimento público e captação privada, com o objetivo de mobilizar cerca de US$ 4 bilhões anuais para países com florestas tropicais. Os repasses serão proporcionais à área de floresta tropical e subtropical úmida conservada, com monitoramento por satélite e penalizações em casos de desmatamento.
Para o ministro do Clima e do Meio Ambiente da Noruega, Andreas Bjelland Eriksen, o mecanismo brasileiro tem potencial de transformar o financiamento climático global. “O sucesso do TFFF exige salvaguardas ambientais e sociais robustas, apoio dos povos indígenas e financiamento comprometido. A Noruega considera fazer uma contribuição e encoraja outros países a seguir o mesmo caminho”, declarou.
Além do respaldo de governos, o setor financeiro sinalizou disposição para apoiar a proposta brasileira. Christian Stracke, presidente da PIMCO, destacou que o fundo tem potencial de mobilizar capital privado em grande escala, além de mitigar riscos econômicos associados à perda de biodiversidade. "Saudamos o TFFF como um modelo inovador, inclusivo e com potencial de escala e autossuficiência”, afirmou.
A participação ativa dos povos indígenas e comunidades locais foi apontada como um diferencial do TFFF. Durante os debates em Londres, a Aliança Global de Comunidades Territoriais (GATC) e lideranças indígenas reforçaram a importância de garantir que ao menos 20% dos recursos sejam direcionados diretamente a esses grupos.
Presente nos encontros, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, enfatizou o compromisso do governo brasileiro com a inclusão efetiva dos povos originários no mecanismo. "Apenas 1% dos recursos tradicionalmente mobilizados para o clima chega aos territórios indígenas. O TFFF é um mecanismo inovador e estrutural para reverter essa injustiça”, destacou.
Já a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, definiu o TFFF como um "instrumento robusto e inovador, que direciona recursos diretamente para quem conserva as florestas, garantindo fluxo contínuo de financiamento e inclusão social". Segundo ela, o fundo representa a ousadia necessária para criar um novo pacto entre clima e floresta. "Antes que sejamos abruptamente mudados pelas adversidades climáticas, precisamos mudar, com coragem e capacidade disruptiva”, afirmou.
Representantes de países detentores de grandes áreas de florestas, como Indonésia e República Democrática do Congo, também manifestaram apoio à proposta. Haruni Krisnawati, assessora sênior do Ministério das Florestas da Indonésia, declarou que o TFFF é uma "oportunidade transformadora para todos os países com florestas tropicais avançarem em inovação, equidade e ambição climática".
O professor Joseph Malassi, da República Democrática do Congo, ressaltou que o mecanismo brasileiro responde a lacunas históricas no financiamento da preservação florestal. "Conclamamos parceiros bilaterais, multilaterais e privados a garantirem que o TFFF seja plenamente capitalizado, transparente, acessível e equitativo. As florestas não podem esperar", afirmou.
O TFFF se diferencia dos modelos tradicionais ao funcionar como um fundo de investimento gerador de receita, baseado em pagamentos por resultados e recompensas a florestas em pé, em vez de compensações pelo desmatamento evitado. Além disso, promove o diálogo direto com as populações tradicionais, reconhecendo o papel fundamental desses grupos na proteção dos biomas.
As florestas tropicais desempenham papel vital na regulação do clima global, conservação da biodiversidade e sustento de bilhões de pessoas. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre representa, segundo especialistas e autoridades, uma oportunidade sem precedentes de transformar o financiamento climático e ampliar o apoio aos países que abrigam esses ecossistemas cruciais para o futuro do planeta.
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