Lula convida líderes do G7 à COP30 e cobra compromisso real com o clima
Em discurso no Canadá, presidente afirma que a COP 30 será um teste à seriedade dos líderes globais
247 – Durante a sessão ampliada da Cúpula do G7 nesta terça-feira (18), no Canadá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um convite direto aos líderes das maiores economias do mundo para participarem da COP 30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro. Lula aproveitou o evento para defender maior financiamento climático, justiça social e mudanças estruturais nas instituições multilaterais.
“Conto com a participação de todos os presentes na COP 30 em pleno coração da Amazônia. Belém será um teste para os líderes globais mostrarem a seriedade de seu compromisso com o futuro das pessoas e do planeta”, afirmou o presidente. Um dos primeiros a confirmar presença no evento foi o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney.
Lula também anunciou que o governo brasileiro irá lançar, durante a COP 30, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre. O objetivo da iniciativa é remunerar os serviços ecossistêmicos oferecidos pelas florestas dos países em desenvolvimento. “Estamos desenvolvendo uma ferramenta que nos permitirá proteger esses biomas por meio de incentivos positivos, sem recorrer a medidas punitivas”, explicou.
Financiamento climático e metas de redução
Ao destacar a urgência de conter o aquecimento global, Lula reiterou o compromisso do Brasil de reduzir entre 59% e 67% das emissões de gases de efeito estufa até 2035, em todos os setores da economia. No entanto, ele advertiu que a transformação das matrizes energéticas exige recursos que muitos países não possuem.
“Países endividados não dispõem de meios para transformar suas matrizes energéticas. Instrumentos como a troca de dívida por desenvolvimento e a emissão de direitos especiais de saque podem mobilizar recursos valiosos”, disse. O presidente denunciou ainda o descumprimento das promessas feitas pelos países ricos: “Os cem bilhões de dólares anuais previstos na COP15 de Copenhague jamais foram atingidos. Em 2024, países ricos reduziram em 7,1% sua Ajuda Oficial ao Desenvolvimento”.
Ele também criticou os retrocessos recentes: “O Protocolo de Kyoto foi um símbolo do nosso fracasso coletivo. No ano passado, saímos da COP de Baku com resultados decepcionantes. Por meio do mapa do caminho Baku-Belém, a presidência brasileira da COP 30 e o Azerbaijão estão trabalhando para reverter esse quadro”.
Tributação e reformas nas instituições multilaterais
Lula defendeu ainda maior justiça tributária global e propôs a taxação sobre os super-ricos. “Taxar 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar 250 bilhões de dólares ao ano para enfrentar os atuais desafios sociais e ambientais”, destacou.
Segundo ele, os países do G7 possuem poder de voto desproporcional em instituições financeiras como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, e essa concentração precisa ser corrigida. “Tornar essas instituições mais representativas é crucial para aproximá-las das necessidades do Sul Global”, afirmou.
Brasil, G7 e a nova governança global
O Grupo dos Sete (G7) foi criado em 1975 para reunir os países mais industrializados da época e discutir políticas econômicas globais. Atualmente, o grupo é composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e União Europeia. O Brasil mantém diálogo ativo com os membros do G7, tanto de forma bilateral quanto no âmbito do G20 e de outros fóruns internacionais.
Com a realização da COP 30 no Brasil e sua presidência rotativa à frente do G20, Lula vem se posicionando como uma das principais vozes do Sul Global. A participação ativa na cúpula do G7 reforça a tentativa do presidente de colocar as desigualdades sociais e o financiamento climático no centro da nova governança internacional.
Belém, segundo Lula, será mais do que sede de uma conferência ambiental: será o ponto de partida para que o mundo prove que está disposto a transformar promessas em ação concreta.
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