HOME > Meio Ambiente

COP em Belém sofre com escassez de mão de obra e já 'importa' profissionais

Para suprir a falta de profissionais, organizadores têm recorrido à “importação” de equipes de outras cidades

COP em Belém sofre com escassez de mão de obra e já 'importa' profissionais (Foto: Diego Formiga/Divulgação BNDES)

247 - Belém, sede da COP30, enfrenta obstáculos logísticos que vão além dos altos preços das hospedagens. A escassez de mão de obra qualificada e o planejamento deficiente de transporte e alimentação têm se mostrado desafios significativos para delegações e ONGs, conforme reportagem do portal O Globo. Para suprir a falta de profissionais, organizadores têm recorrido à “importação” de equipes de outras cidades, como São Luís, e ao uso de trabalho remoto.

Segundo o diretor do Instituto Internacional Arayara, Juliano Araújo, que organiza a Amazon Climate Hub — espaço que sediará 120 eventos paralelos —, o principal gargalo é a falta de prestadores de serviço disponíveis em Belém. Ele afirma ter conseguido contratar, com dificuldade, apenas motoristas, seguranças e pessoal de limpeza e copa.

“Temos que trazer mão de obra de São Luís do Maranhão, que fica a seis, oito horas, de ônibus para complementar. Dependendo da situação, até mesmo de outras capitais, porque não tem mais essa mão de obra disponível lá em Belém, de eletricista a técnicos de som e iluminação”, declara Araújo, destacando a necessidade de soluções tecnológicas. Ele revela que a equipe de tradutores simultâneos e editores de áudio e vídeo trabalhará remotamente. “Cortes de vídeos e áudios serão feitos parcialmente por uma equipe remota que fica em São Paulo e Brasília.”

Planejamento em xeque

Especialistas em políticas de turismo da Universidade de São Paulo (USP), Mariana Aldrigui e Juliana Aranega, analisaram documentos oficiais da COP30 e identificaram falhas no planejamento, comparando-o aos padrões de grandes eventos internacionais. Em um artigo, as pesquisadoras apontam a ausência de definição de rotas de transporte para delegações e rotas de emergência de saúde, além da falta de padronização de cardápios adaptados a comunidades como a muçulmana e a judaica.

Aldrigui, em entrevista, expressa preocupação com o deslocamento das 50 mil pessoas esperadas, especialmente considerando a logística dos hóspedes que ficarão em embarcações atracadas na Ilha Caratateua. A especialista alerta que o tempo de 30 minutos de trajeto prometido pela organização pode triplicar, especialmente em dias de chuva.

“O que ficamos pensando é como isso será administrado, considerando o efeito da chuva que normalmente para a cidade nessa época, em meio a passagens de três, quatro veículos da mesma delegação mais batedores”, alerta Aldrigui. Ela também ressalta a importância de ter rotas de emergência. “Para qualquer evento de aglomeração, precisa de ambulâncias, socorristas.”

A escassez de profissionais também impacta os custos. Juliano Araújo exemplificou o encarecimento de serviços com a instalação de ar-condicionado, que, segundo ele, custou mais que o dobro do preço habitual.

Respostas do governo

Em resposta, a Secretaria Extraordinária para a COP30 (Secop) informou  que foram definidos “13 itinerários exclusivos” para o transporte dos delegados, baseados em estudos de fluxo e segurança. A Secop também mencionou o reforço no transporte público com a aquisição de 265 novos ônibus.

A pasta garantiu que os cardápios estão sendo desenvolvidos com atenção à diversidade cultural e que haverá opções veganas, sem glúten e sem lactose. Sobre a mão de obra, a Secop afirmou que uma empresa foi contratada para serviços de motoristas e que outra será contratada para a tradução. O governo do Pará destacou o programa Capacita COP30, que já emitiu 22 mil certificados e formou mais de 200 novos guias de turismo, como uma iniciativa para qualificar a mão de obra local.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...