'A descarbonização não é uma escolha, mas uma necessidade', afirma Lula
Presidente destacou na Colômbia que a COP 30 será a virada histórica para a proteção da Amazônia e cobrou engajamento dos países ricos
247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a transição energética e o combate ao aquecimento global não são mais alternativas, mas sim uma imposição do nosso tempo: “A descarbonização não é uma escolha, ela vai se tornando uma necessidade”, disse durante a 5ª Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), realizada em Bogotá nesta sexta-feira (22). As informações são da Agência Gov.
Lula ressaltou que o Brasil está comprometido em transformar o chamado Arco do Desmatamento em um Arco da Restauração, com a recuperação de 12 milhões de hectares de vegetação nativa. Ele também destacou a homologação de 16 novas terras indígenas e a criação de quase 130 unidades de conservação na Amazônia. “O povo amazônico merece viver livre da violência. Violência que destrói a floresta, envenena as águas e expulsa indígenas e ribeirinhos de suas casas”, afirmou.
Amazônia no centro das políticas públicas
O presidente brasileiro sublinhou que o combate à pobreza e à fome é inseparável da preservação ambiental. Para Lula, sem oportunidades de educação, saúde e emprego, os povos amazônicos ficam mais vulneráveis ao crime organizado, ao garimpo e à mineração ilegal. “Não faz sentido uma região tão rica sofrer tanto com a fome e a pobreza”, criticou.
Ele destacou iniciativas como o programa de Florestas Produtivas, que fomenta o plantio de espécies nativas aliado ao cultivo de alimentos, e a expansão do Bolsa Verde, que transfere renda a famílias que vivem em áreas de conservação.
Críticas aos países ricos e defesa do multilateralismo
O presidente voltou a cobrar o engajamento das nações industrializadas no financiamento da proteção das florestas e na redução de emissões de gases de efeito estufa. Segundo Lula, essas economias utilizam o discurso ambiental para impor barreiras comerciais e até justificar ingerências em questões de soberania.
“Há muito tempo que os países ricos nos acusam de não cuidar da floresta. Aqueles que poluíram o planeta tentam impor modelos que não nos servem”, declarou. Em tom firme, advertiu que “não existe saída individual para a crise climática” e que apenas o multilateralismo pode garantir avanços.
Lula criticou a postura unilateral do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em decisões internacionais: “Você não pode fazer o que o presidente americano está fazendo. Tomando decisões sozinho sem levar em conta que existe a OMC, sem levar em conta a ONU, sem levar em conta nada”.
Convite formal a Donald Trump para a COP 30
O presidente revelou que enviou cartas oficiais a todos os chefes de Estado, incluindo Donald Trump, para participar da COP 30, que será realizada em novembro em Belém. “Não é uma carta eletrônica, não. É com a minha assinatura, para ele demonstrar se vão tratar com seriedade essa COP ou não. Porque, se não tratarem, nós vamos ter que pensar o que fazer daqui para frente para cuidar do planeta”, disse.
A COP 30 como “a COP da virada”
Segundo Lula, a conferência climática em Belém representará uma nova plataforma de proteção da Amazônia, de garantia de direitos dos povos e de valorização da região na agenda global. Ele anunciou o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, destinado a remunerar países que mantêm suas florestas em pé.
O presidente também ressaltou a importância da participação social no processo: “Se o aquecimento global dizimar a floresta, o povo amazônico será a primeira vítima. É mais do que justo que sua voz seja ouvida. A participação social será um elemento chave para o sucesso da COP 30”.
Novo pacto global pelo clima
Lula defendeu a criação de um Conselho do Clima na ONU, capaz de mobilizar os países para efetivar compromissos já assumidos. Para ele, é preciso construir uma nova governança global que assegure que metas internacionais de redução de emissões sejam cumpridas.
“Os cientistas alertam sobre pontos de não retorno que podem desencadear processos irreversíveis. As chuvas se reduzirão, incêndios e secas farão parte da rotina e muitos perderão seus meios de vida. Se não houver futuro para a Amazônia e o seu povo, não haverá futuro para o planeta”, alertou.
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