Indústria brasileira recua 0,4% em setembro, diz IBGE
Após alta em agosto, pesquisa mostra queda puxada pelos setores farmacêutico, extrativo e automobilístico
247 - A produção industrial brasileira registrou retração de 0,4% em setembro de 2025 em relação a agosto, segundo dados divulgados nesta terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado elimina parte do avanço de 0,7% observado no mês anterior e revela perda de fôlego na atividade, embora o setor ainda esteja 2,3% acima do patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020.
De acordo com o IBGE, a indústria nacional continua 14,8% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Na comparação com setembro de 2024, houve crescimento de 2,0%. No acumulado de 2025, o avanço é de 1,0%, e em 12 meses, de 1,5%, sinalizando desaceleração em relação aos resultados de meses anteriores.
Setores que mais influenciaram a queda
O gerente da pesquisa, André Macedo, destacou que a perda de ritmo em setembro foi fortemente influenciada por segmentos de grande peso na estrutura industrial. “O setor industrial voltou a registrar perda, influenciada, principalmente, por segmentos de peso como a indústria farmacêutica, o setor extrativo e a indústria automobilística, que juntos respondem por cerca de 23% do total da indústria geral”, afirmou.
Entre as 25 atividades analisadas, 12 apresentaram queda em setembro. O maior impacto negativo veio dos produtos farmoquímicos e farmacêuticos, com retração de 9,7%, interrompendo quatro meses consecutivos de alta, quando haviam acumulado crescimento de 28,2%. As indústrias extrativas caíram 1,6%, intensificando a perda de 0,4% registrada em agosto. Já o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias recuou 3,5%, devolvendo parte do avanço de 3,7% acumulado entre junho e agosto.
Alimentos lideram os resultados positivos
Por outro lado, 13 atividades industriais tiveram aumento na produção. O destaque foi o setor de produtos alimentícios, que cresceu 1,9%, registrando o terceiro mês consecutivo de alta e acumulando expansão de 4,4% no período. O avanço foi impulsionado principalmente pela produção de sucos concentrados de laranja, carnes de aves e bovinos e açúcar cristal.
Outros ramos com desempenho positivo foram os de produtos do fumo (19,5%), madeira (5,5%), borracha e plástico (1,3%), máquinas e equipamentos elétricos (1,7%), calçados e artigos de couro (2,3%), bebidas (1,1%) e metalurgia (0,5%).
Comparação anual mostra crescimento moderado
Na comparação com setembro de 2024, a produção industrial cresceu 2,0%, com resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas e em 16 dos 25 ramos pesquisados. O setor de produtos alimentícios foi o principal motor dessa expansão, com alta de 7,1%, seguido pelas indústrias extrativas, que avançaram 5,2%.
Segundo Macedo, “no setor de produtos alimentícios, 70% dos itens pesquisados registraram aumento na produção, mostrando um perfil disseminado de crescimento”. Ele acrescentou que a base de comparação mais baixa do ano anterior ajudou a amplificar o resultado positivo.
Impactos negativos e estratégias do setor energético
Apesar dos ganhos em algumas áreas, o IBGE identificou quedas expressivas em segmentos como produtos farmacêuticos (-10,2%), celulose e papel (-5,9%), manutenção e reparação de máquinas (-12,0%), máquinas e equipamentos (-4,7%), têxteis (-11,8%) e produtos do fumo (-35,0%).
O setor de coque, derivados do petróleo e biocombustíveis também recuou 7,2%, pressionado pela menor produção de etanol e gasolina automotiva. “O recuo no álcool etílico pode estar ligado à estratégia das usinas, que destinaram maior parte da cana-de-açúcar para a produção de açúcar, aproveitando as condições mais favoráveis do mercado”, explicou o pesquisador.
Metodologia e próximos resultados
A Pesquisa Industrial Mensal (PIM), que monitora o comportamento do setor desde a década de 1970, passou por atualização metodológica em 2023, com nova estrutura de ponderação, revisão de amostras e inclusão de novas unidades da federação. Os indicadores refletem as mudanças econômicas do país e são fundamentais para o acompanhamento de curto prazo da atividade industrial.


