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      Robô realiza primeira cirurgia autônoma com inteligência artificial em tecido humano

      Feito inédito da Universidade Johns Hopkins marca novo capítulo na medicina automatizada e avança no uso clínico da IA

      Letras AI (Inteligência Artificial) e miniatura de robô nesta ilustração tirada em 23 de junho de 2023 (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)
      Laís Gouveia avatar
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      247 - Um marco na história da medicina foi alcançado nos Estados Unidos: pela primeira vez, um robô cirúrgico controlado por inteligência artificial realizou uma cirurgia em tecido humano de forma totalmente autônoma, sem qualquer interferência humana durante o procedimento. O feito ocorreu na Universidade Johns Hopkins, segundo reportagem da CNN Brasil, publicada nesta quinta-feira (17).

      A operação bem-sucedida consistiu na retirada de uma vesícula biliar, procedimento conhecido como colecistectomia. O avanço tecnológico foi descrito em um estudo publicado na revista científica Science Robotics e sinaliza uma nova era na automação médica, com o uso crescente de IA em contextos clínicos complexos.A tecnologia por trás do feito é o SRT-H (Hierarchical Surgical Robot Transformer), uma evolução do robô STAR, que havia ganhado notoriedade em 2022 ao realizar uma cirurgia em um porco, mas ainda com dependência de marcações no tecido e um roteiro fixo. Desta vez, o novo sistema demonstrou capacidade de tomar decisões, interpretar comandos de voz e se adaptar a situações inesperadas, como mudanças anatômicas e simulações de emergência.

      “Esse avanço nos leva de robôs que conseguem executar tarefas cirúrgicas específicas para robôs que realmente compreendem os procedimentos cirúrgicos. Essa é uma distinção crítica que nos aproxima significativamente de sistemas autônomos cirúrgicos clinicamente viáveis”, explicou Axel Krieger, professor da Johns Hopkins e líder do projeto, financiado por instituições federais dos EUA.Antes de operar, o robô foi treinado com vídeos de cirurgias reais, que incluíam legendas detalhando cada etapa do procedimento. Além disso, foi ensinado a realizar tarefas fundamentais como manuseio de tecidos, suturas e manipulação de agulhas, até dominar os 17 passos médios exigidos para a remoção de uma vesícula.Durante os testes, o SRT-H executou com êxito oito operações em vesículas humanas ex vivo — ou seja, fora do corpo — demonstrando precisão, estabilidade e flexibilidade mesmo diante de desafios adicionais, como colorações artificiais nos tecidos.

      “Nosso trabalho mostra que modelos de IA podem ser confiáveis o suficiente para a autonomia cirúrgica — algo que antes parecia distante, mas agora é demonstravelmente viável”, afirmou Ji Woong Kim, ex-pesquisador da Johns Hopkins e atualmente na Universidade Stanford.

      Um dos aspectos mais inovadores do SRT-H é a capacidade de responder em tempo real a alterações no cenário cirúrgico, semelhante ao que ocorre em um carro autônomo diante de condições variáveis de tráfego. Para Krieger, essa habilidade pode ser comparada a “ensinar o robô a dirigir em qualquer estrada, em qualquer condição”.

      O sistema utiliza uma arquitetura de aprendizado de máquina semelhante à do ChatGPT, o que permite que ele compreenda comandos verbais e ajuste seus movimentos conforme a anatomia do paciente. Essa adaptação contínua torna o robô mais seguro e confiável, mesmo que ainda opere em um ritmo mais lento do que um cirurgião humano experiente.O cirurgião Jeff Jopling, coautor do estudo, destaca a versatilidade do SRT-H: ele é capaz de aprender diferentes fases de uma operação em velocidades distintas, “semelhante a um residente humano em formação”.

      Apesar do sucesso nos testes com tecidos humanos fora do corpo, ainda não há data definida para cirurgias com pacientes vivos. A expectativa dos cientistas, no entanto, é que isso aconteça na próxima década, conforme a tecnologia for refinada e regulamentada.

      O objetivo da equipe é expandir o repertório cirúrgico do SRT-H e permitir que ele execute, com autonomia crescente, operações de maior complexidade e impacto clínico. “Para mim, isso realmente demonstra que é possível realizar procedimentos cirúrgicos complexos de forma autônoma”, concluiu Krieger. “É uma prova de conceito robusta de que essa abordagem baseada em aprendizagem por imitação pode automatizar tarefas delicadas com precisão e confiabilidade.

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