Quem é o candidato brasileiro mais rico de 2024, preso na Espanha acusado de vários golpes
Ex-candidato à prefeitura de Marília responde a processos por golpes milionários envolvendo açúcar e projetos de usinas
247 - O empresário João Pinheiro, ligado ao mercado de commodities e proprietário da empresa Sugar Brazil, está preso na Espanha desde maio, acusado de aplicar um golpe contra agricultores da Bolívia. Segundo informações publicadas por O Globo, ele também responde a uma ação criminal no Brasil pelo mesmo crime: estelionato envolvendo contratos de fornecimento de açúcar.
No Brasil, Pinheiro é investigado pelo Ministério Público de São Paulo por ter vendido, mas não entregue, 3,2 mil toneladas de açúcar a uma empresa espanhola. O contrato, fechado em setembro de 2023, foi avaliado em US$ 1,7 milhão. Os pagamentos começaram logo depois, e o empresário embolsou o equivalente a R$ 760 mil. Para o MP, ele “já tinha a ciência de que não entregaria a mercadoria vendida” e induziu a empresa ao erro. Pressionado pela vítima, chegou a encaminhar documentos de embarque que mais tarde se revelaram falsos.
“Ele tem uma conduta de estelionatário. Ele leva os clientes para os depósitos dele em Marília, mostra o açúcar”, afirmou o advogado Wellington Siqueira, representante da empresa espanhola que acusa Pinheiro de golpe.
Além das investigações no Brasil, Pinheiro é réu em um processo na Bolívia, relacionado ao Complexo Industrial Canavieiro (Cicasa), em Bermejo. Ele teria prometido fornecer máquinas para a construção da usina, que deveria processar mais de 2 toneladas de cana-de-açúcar por dia. O negócio envolveu transferências de cerca de US$ 684 mil de bancos bolivianos para contas internacionais, mas os equipamentos nunca foram entregues. Agricultores, operadores de máquinas e transportadores estão entre os prejudicados.
Com mandado internacional expedido pela Interpol, Pinheiro foi preso em território espanhol no fim de maio e aguarda decisão sobre sua extradição para a Bolívia. A defesa tenta libertá-lo, alegando que o prazo de 45 dias previsto no tratado de extradição entre Espanha e Bolívia já expirou.
Na última terça-feira (26), o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, negou um habeas corpus apresentado pela defesa, que apontava “excesso de prazo”. Barroso ressaltou que o processo de extradição é atribuição da Justiça espanhola e não cabe ao STF intervir. O caso será analisado pelo plenário entre os dias 12 e 19 de setembro.
Pinheiro ganhou notoriedade em 2024 ao registrar candidatura à prefeitura de Marília (SP) pelo PRTB, declarando à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 2,8 bilhões. Hoje, enfrenta acusações simultâneas no Brasil e no exterior, que somam prejuízos milionários.