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José Maria Marin teve trajetória marcada por alinhamento à ditadura e inimizade com Vladimir Herzog

Ex-presidente da CBF teve uma longa carreira política formada ainda durante o período do regime militar no Brasil, ao qual foi alinhado

José Maria Marin (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

247 - Além de sua atuação no futebol e de sua passagem pela presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, que morreu neste fim de semana, teve uma longa carreira política formada ainda durante o período da ditadura militar no Brasil, à qual foi alinhado.

Marin começou a vida pública como vereador em São Paulo, em 1963. Durante os anos de regime militar, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido que dava sustentação institucional ao governo. Foi eleito deputado estadual em 1970 e reeleito em 1974, destacando-se por sua ligação com a ala mais conservadora do regime e por sua retórica contra veículos de comunicação considerados “subversivos”.

Em 1975, Marin fez discursos na Assembleia Legislativa de São Paulo em que acusava a TV Cultura de promover a “comunização” do país. À época, o jornalista Vladimir Herzog era diretor de jornalismo da emissora. Em suas falas, Marin afirmava que a programação da TV estatal enfatizava “apenas fatos negativos, apresentando miséria e problemas sem apresentar soluções”, conforme recuperado pelo portal UOL neste domingo (20).

Dezesseis dias depois de um desses discursos, Vladimir Herzog foi preso e assassinado por agentes do Doi-Codi, órgão de repressão da ditadura. O caso se tornaria um dos episódios mais emblemáticos da violência estatal do período e da luta por memória e justiça no Brasil.

Perto do fim da ditadura, Marin seguiu na vida pública, tornando-se vice-governador de São Paulo e, mais tarde, governador interino por alguns meses, antes de se afastar da política partidária e voltar suas atenções ao esporte.

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