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“Trump é chantagista, Eduardo Bolsonaro é entreguista e Lula está na mira”, diz Robinson Farinazzo

Militar e analista geopolítico, Farinazzo denuncia pressões dos EUA contra o Brasil, aponta submissão de Eduardo Bolsonaro e defende submarino nuclear

“Trump é chantagista, Eduardo Bolsonaro é entreguista e Lula está na mira”, diz Robinson Farinazzo (Foto: Divulgação)

247 – Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o comandante da reserva da Marinha Robinson Farinazzo, que comanda o canal “Arte da Guerra”, analisou as recentes pressões geopolíticas dos Estados Unidos sobre o Brasil e o reposicionamento global diante da ascensão dos BRICS. Farinazzo denunciou as chantagens promovidas pelo presidente norte-americano Donald Trump contra o governo brasileiro, criticou a atuação “entreguista” de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos e defendeu a ampliação da soberania nacional na área de defesa, com destaque para o projeto do submarino nuclear brasileiro.

“O Trump é basicamente um chantagista”, declarou Farinazzo, referindo-se à ameaça do governo norte-americano de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. “As demandas que ele está impondo ao Brasil são impossíveis de se atender. Aqui é uma democracia com separação de poderes. O Executivo não tem condições de interferir nas decisões do Supremo Tribunal Federal.”

Crítica a Eduardo Bolsonaro e alerta de submissão

Segundo Farinazzo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que mantém interlocução com figuras da extrema direita nos EUA, atua de forma completamente desvinculada dos interesses nacionais:

“A gente achava que já tinha visto tudo em termos de entreguismo, mas isso foi demais. O caso do Eduardo Bolsonaro não tem nada a ver com o país, é simplesmente para salvar a família. É vergonhoso.”

Farinazzo ainda destacou o impacto negativo que essas articulações podem causar à economia brasileira, especialmente entre os eleitores que colocaram Eduardo Bolsonaro no Congresso.

Lava Jato, lawfare e ataque à soberania

O comandante destacou os efeitos destrutivos da operação Lava Jato, classificando-a como uma revolução colorida contra o Brasil. Em sua avaliação, houve um “transe coletivo” a partir da manipulação da opinião pública, resultando no desmonte de setores estratégicos da economia, como a construção civil, a indústria pesada e o setor de defesa.

“A Lava Jato foi feita para quebrar o Brasil. Todo governo que adota um viés desenvolvimentista acaba sendo derrubado sob acusações de corrupção ou comunismo.”

Defesa e submarino nuclear

Entre os principais temas abordados, Farinazzo destacou a importância do projeto do submarino nuclear brasileiro, que considera vital para a proteção das rotas comerciais e da soberania sobre o petróleo marítimo.

“O submarino nuclear é o projeto militar mais importante que temos. Ele garante a dissuasão e a proteção dos nossos interesses no Atlântico. A Europa e os EUA vão fazer de tudo para impedir esse projeto.”

Farinazzo também defendeu uma política industrial robusta para a defesa nacional e criticou a dependência tecnológica do Brasil em relação a países do Ocidente, propondo cooperação com Rússia e China.

BRICS, regime change e resistência democrática

O analista afirmou que o presidente Lula está “na mira” de setores internacionais que desejam reverter o atual alinhamento do Brasil com os BRICS. Ele alertou para os riscos de um processo de “mudança de regime” estimulado pelos Estados Unidos, mas ressaltou a força do STF como bastião da democracia:

“A Lava Jato empoderou o STF. Agora, desmontar isso será muito difícil. O Supremo hoje é o principal pilar de resistência democrática no país.”

Farinazzo afirmou não ter dúvidas sobre a intenção de derrubar o presidente Lula, mas avalia que seu prestígio internacional e o alinhamento com países do sul global dificultam essa possibilidade.

EUA, guerra e a derrocada do soft power

Sobre a política externa de Trump, Farinazzo foi categórico:

“Ele está vendendo óleo de cobra. Quer parecer forte, mas não tem estratégia. O soft power dos EUA está sendo destruído por sua própria antipatia.”

A respeito da guerra na Ucrânia, afirmou que os Estados Unidos estão “esgotando seus arsenais” e que quem definirá os rumos do conflito será a Rússia. Ele também denunciou o papel dos EUA na sabotagem do gasoduto Nord Stream e destacou que a explosão da infraestrutura energética europeia favoreceu a competitividade da China.

Argentina e o papel regional

Sobre o governo de Javier Milei, Farinazzo disse que o presidente argentino “é subserviente aos EUA e a Israel”, mas que, no momento, a Argentina não representa ameaça militar ao Brasil. Alertou, no entanto, que as decisões econômicas e estratégicas do país vizinho devem ser monitoradas.

Farinazzo encerrou defendendo o diálogo entre a esquerda e os militares e elogiou o general Tomás Ribeiro Paiva, comandante do Exército, pelo esforço em despolitizar as Forças Armadas:

“Misturar política e quartel é receita para desastre. O papel do militar é a defesa da nação, não a atuação partidária. O general Tomás tem feito um trabalho digno de respeito.”

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