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“Outros fascistas surgirão depois de Bolsonaro”, diz Jorge Folena

Jurista afirma que o fascismo tem base histórica no país e defende vigilância permanente do campo democrático para conter novas lideranças

“Outros fascistas surgirão depois de Bolsonaro”, diz Jorge Folena (Foto: Divulgação | Reuters )

247 - No programa Boa Noite, da TV 247, o jurista Jorge Folena afirmou que o bolsonarismo não encerra o ciclo de extrema direita no Brasil e que novas lideranças podem ocupar esse espaço. “Outros fascistas surgirão depois de Bolsonaro”, disse, ao avaliar que o fenômeno tem raízes anteriores e exige resposta contínua de atores comprometidos com a democracia

Segundo Folena, a análise deve separar a figura de Jair Bolsonaro do ambiente político que o sustenta. “Nós temos que analisar sobre dois aspectos. Uma questão da personalidade do Bolsonaro... O fascismo é muito forte no Brasil, não é de agora”, afirmou. Na entrevista, o jurista resgatou antecedentes históricos: “Veja, nos anos 30, os fascistas tinham no partido integralista mais de 1 milhão de filiados no Brasil. Então, os fascistas sempre existiram no Brasil. A ditadura militar de 64–85 foi conduzida pelos fascistas, por fascistas”

Fascismo para além da pessoa de Bolsonaro

Para Folena, a tendência é que Bolsonaro perca centralidade, sem que isso elimine o espaço político ocupado pela extrema direita. “O Bolsonaro... provavelmente será... aos poucos ele vai sendo jogado”, disse, ao projetar um “esvaziamento da figura do Bolsonaro”. Em sua avaliação, o impedimento eleitoral reforça esse movimento: “Ele já não vai disputar a eleição ano que vem porque ele tem dois impedimentos contra ele. Então... duas inelegibilidades declaradas pela justiça eleitoral”

O jurista, porém, sustenta que a dinâmica política não se encerra com a saída de cena do ex-presidente. “Mas outros fascistas surgirão. Os fascistas são fortes”, afirmou. Folena citou nomes que podem ocupar essa lacuna e mencionou o governador de São Paulo: “Talvez seja melhor ele pensar bem se vale a pena ele se entrar numa aventura para disputar com o presidente Lula... Mas ele é um fascista, sabe? Ele é um fascista.” Em outro trecho, reforçou a necessidade de atenção “para o futuro, né? para deixar de ser o Bolsonaro, vão surgir outras figuras, Tarciso [de Freitas], outros aí que possam aparecer daqui para frente”

Enfrentamento político e institucional

A resposta, para Folena, depende de organização e presença pública de partidos e movimentos democráticos. “Daí a necessidade do campo democrático, popular e progressista estar sempre atento no Brasil, porque é esse campo que na verdade faz o enfrentamento com o fascismo”, afirmou. Ele destacou qual ator considera central nessa disputa: “Quem faz enfrentamento com o fascista, com os fascistas, é o campo democrático, popular e progressista. É a esquerda. É a esquerda”

Folena associou o avanço ou recuo da extrema direita ao protagonismo desse campo: “Veja, nos países em que a esquerda... está à frente, os fascistas não se criam. Os fascistas não se criam. Aonde a esquerda está fragilizada... aí os fascistas se criam.” Para além da arena eleitoral, defendeu continuidade do embate em diferentes frentes: “Esse enfrentamento está sendo feito e tem que ser feito com todas as formas, institucionalmente... e politicamente... na política de rua, na política pelas redes”

Implicações para o calendário eleitoral

Ao projetar o cenário de disputa, Folena avaliou que setores da extrema direita priorizam métodos externos à competição nas urnas. “Eles... não querem que tenha eleição. Eles querem ganhar pela força, eles querem... dar um golpe, eles querem ganhar pela força”, disse. Ainda assim, reconheceu a possibilidade de reorganização de lideranças e estratégias no campo conservador e liberal, com efeitos sobre o Congresso e os governos estaduais

O jurista concluiu que a contenção do avanço da extrema direita pressupõe combinação de medidas legais e mobilização social contínua. “Nós temos que fazer esse enfrentamento. Ao final os fascistas vão... ter que ser encarcerados porque eles cometeram crime...”, afirmou, ao defender o uso dos instrumentos previstos no ordenamento jurídico e a atuação nas redes e nas ruas. Assista: 

 

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