“O que tira o Brasil do Mapa da Fome não é milagre, é política”, diz diretora da Oxfam
Segundo Viviane Santiago, a saída do país do Mapa da Fome é resultado de decisões políticas que priorizam emprego, renda e políticas sociais
247 - A saída do Brasil do Mapa da Fome, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), marca um avanço significativo no combate à insegurança alimentar no país. Para a diretora executiva da Oxfam Brasil, Viviane Santiago, essa conquista é fruto direto de escolhas políticas — e não de sorte ou acaso. Em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, ela afirmou: “A fome é projeto político. E o combate à fome também é”.
Viviane destacou que, em um país como o Brasil, a desigualdade social e a fome não são acidentais. “A fome existe onde há concentração de renda, onde os mais pobres financiam o Estado enquanto os super-ricos acumulam fortunas sem contribuir proporcionalmente”, disse. Ela explicou que sair do Mapa da Fome significa que menos de 2,5% da população está em condição de subnutrição grave, mas lembrou que isso ainda representa milhões de pessoas: “Enquanto houver um brasileiro passando fome, o Brasil ainda é um país que convive com a fome.”
Segundo a dirigente da Oxfam, políticas públicas como o Bolsa Família, o reajuste do salário mínimo acima da inflação, a valorização da agricultura familiar e a formalização do emprego foram cruciais para reverter o cenário crítico dos últimos anos, especialmente após o desmonte de programas sociais durante o governo Bolsonaro. Ela também ressaltou a importância de uma merenda escolar nutritiva e do acesso confiável à alimentação para crianças e jovens.
“A pessoa saber quando vai comer de novo, e se o alimento será nutritivo, é o que determina se ela vive ou sobrevive. A comida não é só presença física no prato. É direito, é dignidade”, afirmou.
Viviane apontou ainda que o atual sistema tributário brasileiro aprofunda a desigualdade, ao isentar grandes fortunas e concentrar a carga fiscal no consumo, penalizando os mais pobres. Ela defendeu com veemência uma reforma tributária justa, que taxasse os super-ricos e garantisse financiamento robusto e contínuo para políticas públicas.
A diretora também elogiou o papel do Brasil na agenda internacional de combate à fome. Segundo ela, o governo Lula tem desempenhado um papel de liderança ao trazer esse debate para fóruns como o G20, reforçando o protagonismo do Sul Global na construção de soluções para a crise alimentar mundial.
“A luta contra a fome precisa ser uma prioridade mundial. Não há sentido em gastar trilhões com armas enquanto milhões de pessoas não sabem quando será sua próxima refeição”, criticou.
Viviane Santiago lembrou que o mapa da fome não é apenas um indicador técnico, mas um espelho da sociedade. “É como olhar para o retrato de Dorian Gray: revela aquilo que tentamos esconder. Tirar o Brasil do mapa da fome é possível, mas exige coragem política, justiça social e um pacto real com a dignidade humana.”
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: