“Nunca vimos crueldade nesse nível de intensidade como vimos em Gaza”, afirma Renata Reis, diretora do Médicos Sem Fronteiras
Hospitais e ambulâncias foram alvos em Gaza; Médicos Sem Fronteiras relata 41 incidentes de segurança em 15 meses de conflito
247 - A diretora executiva da organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), Renata Reis, apresentou um panorama alarmante sobre a situação de saúde e segurança em Gaza durante entrevista ao programa Mário Vitor e Regina Zappa, na TV 247. Segundo Renata, os últimos 15 meses de conflito intensificado deixaram um rastro de destruição sem precedentes, com ataques sistemáticos a hospitais, clínicas, ambulâncias e abrigos da organização, além de uma grave crise humanitária enfrentada pela população civil.
“Nossos colegas mais experientes, que trabalharam em contextos de guerra, disseram que o nível de crueldade em Gaza é algo que jamais testemunhamos antes. Os ataques eram dirigidos contra uma população cercada, que já enfrentava um embargo transformado em cerco, privação de água, alimentos, insumos médicos e combustíveis. Nunca vimos isso nesse nível de intensidade”, afirmou a diretora.
Renata detalhou que as instalações do MSF, todas devidamente identificadas com os logotipos da organização, foram alvos repetidos de ataques. “Tivemos tanques passando por cima de nossos carros, hospitais e clínicas destruídos, abrigos atingidos e nossas ambulâncias e comboios atacados. Isso resultou em mortes, tanto de pacientes quanto de profissionais de saúde.”
Ela destacou que, em 15 meses de conflito, a organização registrou 41 incidentes de segurança, configurando o período mais violento para o MSF em toda sua história. “O maior incidente de segurança que tínhamos enfrentado até então foi em 2014, no Afeganistão, quando um hospital nosso foi atingido. Em Gaza, isso foi sistemático, não acidental. O inimaginável virou regra.”
Condições extremas de trabalho e escassez de recursos
Renata ressaltou os desafios enfrentados pela equipe do MSF para continuar atendendo à população. Em meio à escassez de recursos, médicos foram obrigados a realizar cirurgias sem anestesia. “Só de pensar que tivemos que operar sem anestesia em 2024 é inacreditável. Mas ou era isso, ou não fazíamos nada.”
A diretora detalhou o esforço da organização para oferecer cuidados em meio à crise. “Realizamos mais de 8 mil partos, 31 mil atendimentos de saúde mental, 10 mil cirurgias e 500 mil consultas nesse período. E isso, diante da magnitude da crise, é uma gota no oceano.”
Renata também descreveu a luta para manter equipamentos vitais funcionando sem combustível. “Lidamos com situações extremas de vida e morte. Quando as máquinas param, as pessoas morrem na frente de todos. É desumano.”
Apelo à comunidade internacional
Na entrevista, a diretora reforçou a necessidade de apoio da comunidade internacional para ajudar Gaza a se reerguer. “Há muito trabalho a ser feito, e a comunidade internacional precisa ajudar. Não temos ainda como estimar o montante de ajuda necessário, mas não vamos dar nem um passo atrás na tentativa de salvar mais vidas.”
Renata encerrou sua participação reiterando a neutralidade da organização, que há mais de 50 anos atua em zonas de conflito e crises humanitárias. “Somos independentes, neutros e imparciais. Não escolhemos lados. Qualquer ser humano em sofrimento é paciente do MSF.”
O relato da diretora do MSF evidencia a urgência de respostas concretas para a crise humanitária em Gaza, com ênfase no impacto devastador do conflito sobre civis e profissionais de saúde. Assista:
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