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      Márcia Lopes: "Governo Lula corrige anos de destruição e violência contra mulheres"

      Em entrevista à TV 247, ministra das Mulheres destaca reconstrução de políticas públicas, enfrentamento ao feminicídio e mobilização nacional por igualdade

      (Foto: ABR)
      Dafne Ashton avatar
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      247 - Durante entrevista ao programa Giro das Onze, da TV 247, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, afirmou que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está comprometida com a reconstrução das políticas públicas voltadas às mulheres, após um período que ela classificou como de “destruição e violência”. Em suas palavras: “O presidente Lula me disse que quer ver mulheres mais fortes, protegidas, felizes e valorizadas. É isso que estamos fazendo”.

      Márcia apontou o rompimento institucional promovido pelas administrações anteriores como causa central do agravamento da situação das mulheres no Brasil. Segundo ela, o diálogo entre o governo federal e os estados e municípios foi abandonado, deixando gestoras e prefeitas desamparadas, sem coordenação ou apoio para enfrentar os desafios locais. “Não tínhamos mais nem as diretrizes para um ministério como esse. A orientação de Lula foi clara: precisamos escutar o Brasil, escutar as mulheres.”

      A ministra citou dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que apontam o maior número de feminicídios desde 2015: 1.492 mulheres assassinadas em 2024, 64% delas negras, 80% mortas por companheiros ou ex-companheiros, a maioria dentro de casa. “Cada morte por ser mulher nos estarrece. Não podemos aceitar que isso se naturalize”, afirmou. Ela enfatizou a importância de dar visibilidade a esses crimes e garantir que os serviços de atendimento funcionem plenamente. “Não queremos colocar nada embaixo do tapete. Precisamos parar de subnotificar. Os dados têm que vir à tona, e os serviços precisam estar preparados para acolher.”

      A titular do Ministério das Mulheres relatou que tem percorrido o país para se aproximar das diferentes realidades vividas pelas brasileiras. Citou viagens recentes ao Acre e ao Amazonas, onde participou de conferências e encontros com mulheres indígenas, ribeirinhas, quebradeiras de coco e de periferias urbanas. “Não é Brasília que resolve sozinha. Precisamos respeitar as especificidades de cada região. Só com escuta e presença real é que poderemos formular políticas eficazes.”

      A ministra contou que, após uma década de paralisação, o governo retomou a realização das conferências nacionais de políticas para as mulheres, com a participação ativa de grupos diversos, incluindo mulheres trans. “As violências sofridas por essas comunidades são múltiplas. A exclusão é profunda. Precisamos garantir políticas específicas para acesso à saúde, educação, moradia, trabalho e, principalmente, à segurança.”

      Segundo Márcia, um dos pilares para transformar esse cenário está na educação. “A cultura machista é plantada desde cedo. É nas escolas que devemos começar essa mudança.” A ministra contou que conversou com seus netos sobre o tema: “Perguntei se eles aprendem na escola sobre violência contra a mulher. Um disse que só teve palestra de vez em quando, e a menor disse que nunca ouviu falar disso. Isso mostra como o tema ainda está ausente dos currículos.”

      Ela denunciou que projetos educacionais que abordam gênero enfrentam forte resistência no Congresso. “Me disseram que, se tiver a palavra ‘gênero’ num projeto, ele não passa nem pela comissão. Até o termo ‘gênero alimentício’ virou problema.” Para a ministra, é urgente inserir esse debate em todas as disciplinas e em todos os níveis da formação escolar, além de qualificar trabalhadores e servidores públicos para lidar com o tema.

      Na entrevista, Márcia Lopes também celebrou a recente sanção de duas leis pelo presidente Lula: uma que assegura a igualdade salarial entre homens e mulheres para a mesma função, e outra que estabelece a obrigatoriedade de pelo menos 30% de participação feminina nos conselhos das estatais. No entanto, ela reconhece que ainda há grandes barreiras à participação das mulheres na política. “O machismo não está apenas na extrema direita. Infelizmente, também encontramos resistência dentro do campo democrático. Há ainda muito a ser aprendido, inclusive entre os nossos.”

      A ministra defendeu que a luta por igualdade deve ser cotidiana e permanente. “Há homens que ainda acham que estão fazendo um favor ao ceder espaço. Isso é inaceitável. O lugar das mulheres é onde elas quiserem estar.” Ela elogiou a bancada feminina do Congresso e ressaltou a importância de incentivar novas lideranças femininas. “Se as mulheres não ocuparem os espaços de poder, não teremos soluções reais para os problemas do país.”

      Em um dos momentos mais emocionantes da entrevista, Márcia revelou o significado de um colar com uma borboleta que usava: trata-se de uma homenagem à sua filha Juliana, falecida dois anos antes. Uma borboleta apareceu no teto de sua casa nas horas finais de vida da filha, que lutava contra o câncer. “A borboleta se tornou um símbolo de liberdade, de consciência da vida. Ela representa a nossa luta pelas liberdades e por uma vida mais plena.”

      Ao final da conversa, a ministra reforçou que o Ministério das Mulheres está de portas abertas e mobilizado para enfrentar o que chamou de “guerra diária” contra a violência e a desigualdade de gênero. “O Brasil precisa de políticas públicas com coragem e determinação. E é isso que estamos construindo todos os dias, com diálogo, escuta e presença.” Assista: 

       

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