Fernando Horta: “Trump usa o declínio dos EUA para transformar qualquer vantagem em arma contra o mundo”
Historiador afirma que Washington busca extrair riqueza dos outros países por meio de tarifas, controle digital e pressão diplomática
247 - O historiador Fernando Horta analisou a possibilidade de encontro entre o presidente Lula e Donald Trump, destacando que a postura do presidente dos EUA expressa um momento de transição da geopolítica global. Em entrevista ao Brasil Agora, da TV 247, Horta afirmou que o Trump tenta aproveitar o declínio dos Estados Unidos para extrair vantagens econômicas e políticas do restante do mundo.
“Trump usa o declínio dos EUA para transformar qualquer pequena vantagem em uma arma contra o mundo. Ele não está interessado em construir consensos, mas em arrancar riqueza de outros países”, disse Horta.
Segundo o historiador, esse movimento é visível nas tarifas comerciais, nas pressões diplomáticas e até no campo digital, com a disputa por controle de dados e tecnologia. Para ele, Washington tem atuado cada vez menos como mediador internacional e mais como um poder que busca ganhos imediatos.
A estratégia de Trump
Horta lembrou que o Trump tem histórico de usar o enfraquecimento relativo dos EUA como justificativa para políticas agressivas. “O que Trump quer é transformar qualquer pequena vantagem em algo que permita impor custos aos demais. Seja com tarifas contra a China, seja com chantagem militar, seja com manipulação de processos diplomáticos”, afirmou.
Impacto para o Brasil
Sobre a possibilidade de encontro com Lula, Horta avaliou que o presidente brasileiro não pode recusar a reunião, mas também não deve esperar grandes avanços. “Lula precisa estar aberto ao diálogo, mas dificilmente haverá algo de novo a partir dessa conversa. O que está em jogo é mais simbólico do que prático”, disse.
Para o historiador, a perda de hegemonia dos Estados Unidos abre espaço para novas tensões internacionais. “A decadência americana não significa que outros países estão necessariamente em ascensão. O risco é que todos percam, porque os EUA podem adotar uma postura ainda mais predatória”, alertou.