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      Edinho Silva: "Prisão de Bolsonaro foi justa e não podemos recuar"

      Presidente do PT afirma que tentativa de golpe com plano de assassinatos deve ser investigada e que Brasil não pode ceder à pressão do governo Trump

      (Foto: REUTERS/Adriano Machado | Divulgação )
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      247 - Durante entrevista ao programa Boa Noite 247, o presidente nacional do PT, Edinho Silva, defendeu com veemência a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A medida foi tomada após o descumprimento de medidas cautelares impostas anteriormente, no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2023 e a atuação de Bolsonaro para pressionar o sistema democrático, inclusive por meio de vídeos divulgados por seus filhos durante atos da extrema direita.

      Segundo Edinho, a decisão do STF está inserida em um contexto mais amplo, que precisa ser permanentemente lembrado pela sociedade brasileira. “Nós temos que contextualizar essa decisão. Foi uma decisão tomada diante do descumprimento de uma ordem judicial, no contexto de uma apuração de uma tentativa de golpe que nós tivemos no Brasil em 2023”, afirmou. Para o dirigente, os elementos em investigação não se limitam a articulações golpistas. Ele destacou que há suspeitas de uma conspiração que envolvia, inclusive, um plano para assassinar autoridades da República. “Estamos falando do envolvimento de um ex-presidente da República numa organização para assassinar três lideranças de instituições fundamentais da República, que é a presidência da República, o poder executivo e o poder judiciário.”

      Com base nisso, Edinho reforçou que o país não pode aceitar qualquer forma de normalização de um episódio dessa gravidade. “Nós que defendemos a democracia temos que ficar ao lado da legalidade”, disse, acrescentando que essa posição é essencial para evitar a repetição de ameaças semelhantes no futuro. “Nunca mais nós possamos presenciar na nossa história uma tentativa de golpe e uma organização para matar o presidente da República, o vice-presidente e o ministro do TSE.”

      Diante das reações à prisão domiciliar de Bolsonaro e da pressão de setores políticos e internacionais, Edinho foi categórico ao afirmar que não há espaço para recuos. “Nós não podemos é recuar. Se nós recuarmos, estamos legitimando o que aconteceu e criando um precedente gravíssimo”, declarou. Para ele, a leniência diante de um ataque ao sistema democrático abriria caminho para novas tentativas de ruptura institucional a cada derrota eleitoral. “Sempre que alguém perder eleições no Brasil vai se sentir no direito de organizar um golpe.”

      Edinho também abordou as repercussões internacionais da decisão judicial e os impactos na relação com o governo dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump. Ele rejeitou a ideia de que o Brasil deva moldar suas decisões de soberania em função da expectativa de retaliações. “Se o Brasil recuar, a nossa soberania enquanto país estará duramente atingida”, afirmou. Na avaliação do presidente do PT, ceder ao que classifica como uma “concepção autoritária” seria colocar o país na condição de submissão. “Nós não somos, repito, um puxadinho dos Estados Unidos. Nós não formamos o quintal dos Estados Unidos.”

      De acordo com Edinho, o centro da tensão entre os dois países não está na prisão de Bolsonaro, mas sim em interesses estratégicos que envolvem economia, tecnologia e geopolítica. Ele mencionou a participação brasileira no BRICS como um dos pontos centrais de conflito com Washington, além da existência de interesses norte-americanos sobre o sistema de pagamentos Pix, desenvolvido no Brasil, e sobre as reservas brasileiras de terras raras. “O governo Trump não aceita que o Brasil construa essas relações. É uma concepção autoritária. O multilateralismo não pode existir para o Brasil”, afirmou. Sobre o Pix, Edinho ressaltou que a tecnologia pertence ao povo brasileiro. “Abrir mão do Pix jamais, enfraquecer o Pix jamais.”

      Ele também apontou que os Estados Unidos têm interesse nas reservas minerais estratégicas do Brasil. “O Brasil detém hoje 25% das reservas dos minérios mais preciosos do mundo, fundamentais para o desenvolvimento tecnológico”, disse. “Se o governo Trump quer negociar com o Brasil, que o faça respeitando a nossa soberania.”

      Para o presidente do PT, a escalada da política internacional sob o comando de Trump representa uma ameaça maior, que extrapola o caso brasileiro. “Se o governo Trump não for freado, nós estamos construindo algo muito perigoso. A terceira guerra mundial será econômica. Vai desorganizar economias no mundo afora, inclusive a economia americana. Vai gerar desemprego, vai aumentar a pobreza no mundo”, alertou.

      No plano interno, Edinho reconheceu que a decisão do STF pode aprofundar a polarização e a radicalização política. No entanto, enfatizou que essa consequência não pode paralisar as instituições. “As instituições brasileiras não vão recuar. Porque nós não podemos perder de vista o que está sendo investigado: uma tentativa de golpe”, disse. O dirigente reforçou que a apuração ainda está em curso, mas os indícios contra Bolsonaro são relevantes. “Até agora, o que tudo indica é que ele tem muitas implicações. Eram sacolas de dinheiro que percorriam o gabinete presidencial.”

      Ele afirmou que caberá à investigação apurar o grau de envolvimento do ex-presidente, mas rejeitou qualquer tentativa de esquecer o episódio. “Nós também não podemos permitir que a sociedade esqueça uma tentativa de golpe que pressupunha matar o presidente da República, o vice-presidente e o presidente do TSE. O povo brasileiro não quer isso. O povo brasileiro quer a democracia, quer a paz, quer a estabilidade. E para isso nós temos que trabalhar. Para isso, nós temos que enfrentar e punir aqueles que afrontaram a democracia.”

      Ao final da entrevista, Edinho reforçou que a eleição de 2026 será decisiva para o futuro do país. Para ele, reeleger o presidente Lula representa a continuidade de um projeto democrático e a derrota de uma corrente política que, segundo afirmou, “tem inspiração fascista”. “Essa eleição é tão importante porque significa derrotar o pensamento fascista no Brasil”, concluiu. Assista: 

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