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“É impossível vencer a mudança climática sem ciência”, diz Luciana Santos

Ministra destaca papel da pesquisa brasileira em monitoramento climático e prevenção de desastres

“É impossível vencer a mudança climática sem ciência”, diz Luciana Santos (Foto: ABR)

247 - Em entrevista ao programa Bom Dia, Ministra, transmitido pela Rádio GOV/ EBC, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou que a ciência é a única ferramenta capaz de enfrentar a crise ambiental global. Segundo a ministra, o Brasil levará à COP 30 um conjunto de iniciativas estratégicas que demonstram como a inovação tecnológica pode apoiar tanto a preservação ambiental quanto a adaptação das populações mais vulneráveis.

A ministra ressaltou que o desafio imposto pelo aquecimento global exige investimentos contínuos em pesquisa e inovação. “Para superar os efeitos da mudança climática, que são resultado do acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, tem que ter ciência, tecnologia e inovação. Senão é impossível vencer esse desafio”, declarou.

Supercomputador do Inpe e monitoramento em tempo real

Um dos destaques apresentados por Luciana Santos foi a ampliação da capacidade do supercomputador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que agora consegue realizar 8 quatrilhões de operações por segundo. A nova estrutura permitirá monitorar, com maior precisão e antecedência, queimadas, secas, enchentes e outros eventos extremos em todo o território nacional.

De acordo com a ministra, o avanço já beneficia órgãos como o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente. “Hoje, nosso supercomputador é dez vezes mais rápido, com alta resolução local e previsão de até dez dias de antecedência. Isso fortalece a ação preventiva e dá mais precisão para as medidas de controle”, explicou.

Além do ganho tecnológico, a infraestrutura é abastecida por energia solar e refrigerada por sistema líquido, o que garante menor impacto ambiental.

AmazonFACE: laboratório a céu aberto sobre a floresta

Outro projeto destacado pela ministra é o AmazonFACE, parceria entre Brasil e Reino Unido. A iniciativa consiste em torres de 35 metros que liberam dióxido de carbono na floresta para simular os efeitos do aumento de gases de efeito estufa.

“São anéis que enriquecem o ambiente com CO₂ em áreas específicas da Amazônia, enquanto outras são mantidas intactas, permitindo a comparação dos impactos. É a única experiência desse tipo no mundo”, afirmou Santos.

Ciência aplicada à prevenção de desastres

Luciana Santos também destacou a atuação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), responsável por acompanhar movimentos de encostas e níveis de rios, especialmente em regiões vulneráveis como o Nordeste e o Sul do país.

“O Cemaden antecipa informações para a Defesa Civil sobre risco de deslizamentos e cheias. Isso permite que estados e municípios tenham três dias de alerta para agir e proteger a população”, explicou.

Ciência brasileira na agenda internacional

Para a ministra, a realização da COP 30 na Amazônia é estratégica para mostrar ao mundo o protagonismo científico brasileiro no enfrentamento das mudanças climáticas. Além das tecnologias de monitoramento, o país apresentará iniciativas em bioeconomia, energias renováveis e preservação da biodiversidade.

“É uma contradição termos a maior biodiversidade do planeta e, ao mesmo tempo, os piores índices de desenvolvimento humano na região amazônica. A bioeconomia, com base em ciência e tecnologia, é capaz de gerar renda para comunidades locais e preservar a floresta”, disse.

A participação do Brasil na conferência, segundo Luciana Santos, reforçará o compromisso assumido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de alcançar a neutralidade climática até 2050, equilibrando emissões e captura de gases de efeito estufa.

“A ciência voltou com força. Só com conhecimento e inovação vamos proteger a Amazônia e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações”, concluiu a ministra. Assista:

 

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