“Caiu o manto dos patriotas, eles perderam”, diz Zeca Dirceu

247 - O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) afirmou que a ofensiva tarifária dos Estados Unidos, sob o presidente Donald Trump, somada à atuação de aliados de Jair Bolsonaro, expôs uma contradição que, segundo ele, encerrou a narrativa dos chamados “patriotas”. Em entrevista ao programa Bom Dia, da TV 247, ele concentrou a análise no efeito político desse processo.

“O Bolsonaro e a sua turma contaram uma mentira repetidas vezes e muitas vezes de maneira exitosa, que eles eram patriotas, que o Brasil tava acima de tudo.” Para o parlamentar, as medidas recentes e seus efeitos econômicos desmentem essa construção: “Eles provaram, eles mesmos provaram que não são patriotas, que não estão nem aí pro Brasil, que topam destruir a agricultura, topam destruir a indústria para salvar a pele da família Bolsonaro.”

Tarifa dos EUA e consequência política

Zeca Dirceu associou o endurecimento tarifário dos EUA — que atinge diferentes cadeias exportadoras — à mudança de percepção sobre o grupo político que se apresentava como guardião do interesse nacional. “Então eu acho que caiu o manto dos patriotas, caiu a bandeira, a camiseta dos patriotas e não volta nunca mais, porque agora nós vamos começar a ver consequência do que eles fizeram.”

Segundo ele, a pressão sobre setores como carnes e madeira evidenciou custos internos. Em sua avaliação, esses desdobramentos devem permanecer no horizonte por vários meses, mesmo com medidas de mitigação do governo e decisões do Congresso.

Exportações e disputa de narrativa

Ao tratar de mercados e de respostas negociais do governo, o deputado voltou a vincular tarifas e discurso político. “…essa reação do Brasil, ao ataque do Bolsonaro e do Trump contra a economia nacional, contra a soberania, vai ter também esse mesmo contexto.” Na entrevista, ele descreveu ainda articulações diplomáticas para recompor fluxos comerciais e citou a necessidade de decisões legislativas para reduzir danos setoriais.

Para Zeca Dirceu, a dimensão central do episódio é simbólica e eleitoral: “Eles perderam o maior bastião deles, que era essa mentira que… [os fazia parecer] patriotas”. A seu ver, a leitura pública sobre quem se beneficiou e quem arcou com custos das tarifas alterou o terreno político: “…vai ficar resquícios em outubro, em novembro, em dezembro, em janeiro, nós vamos estar vendo problemas fruto do que eles fizeram.”

Congresso e prioridade de pautas

O deputado afirmou que o Parlamento deve acelerar votações consideradas relevantes para a recomposição econômica e rejeitou a repetição de obstruções. Sem entrar em outras agendas do dia, vinculou a prioridade legislativa ao esforço para suavizar os efeitos da política tarifária norte-americana e, paralelamente, à disputa discursiva com a oposição.

“Nós vamos ter gente do centro da direita que não vai ficar do lado deles numa ação… de se aliar a um outro país para atacar o seu próprio país, o seu próprio interesse.” Assista: