Brasil avança em parceria com China mesmo sem adesão à Nova Rota da Seda: “Investimentos estão acontecendo”
Cônsul-geral em Xangai aponta tendência positiva para o Brasil no comércio bilateral
Por Bianca Penteado, de Pequim – O cônsul-geral do Brasil em Xangai, Augusto Pestana, enfatizou que, embora o país não tenha aderido formalmente à Iniciativa Cinturão e Rota, os investimentos chineses em território brasileiro seguem em expansão. As declarações foram dadas em uma entrevista exclusiva ao Brasil 247 durante o 8º Diálogo entre as Civilizações da China e da América Latina e do Caribe, realizado em Wuxi, na última sexta-feira (12).
“Apesar de o Brasil não ser formalmente membro do Belt and Road, os investimentos estão acontecendo, investimentos chineses no Brasil e em infraestrutura, inclusive”, destacou o diplomata.
Ele também exaltou a existência de um grupo de trabalho bilateral, criado após encontros recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente chinês Xi Jinping, voltado para explorar sinergias entre o novo PAC e a Rota da Seda chinesa.
Lançada em 2013, a Iniciativa Cinturão e Rota, também chamada de Nova Rota da Seda, tem a proposta de estabelecer uma ampla malha de infraestrutura em países parceiros da China. O projeto, conduzido por empresas chinesas, envolve a construção de portos, aeroportos, estradas e usinas de energia.
A iniciativa já conta com mais de 100 nações participantes e mobilizou mais de US$ 1 trilhão em investimentos até 2024.
Mesmo sem adesão formal à Nova Rota da Seda, o Brasil se tornou um dos principais destinos de investimentos chineses no mundo, ocupando a terceira posição global e a primeira, fora da Europa.
Apenas no ano passado, a China aportou US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 22 bilhões) em diversos setores da economia brasileira, segundo estudo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
Comércio bilateral em alta
Nos últimos dez anos, as trocas comerciais entre Brasil e China renderam ao lado brasileiro um superávit de US$ 276 bilhões, valor que corresponde a 51% de todo o saldo positivo obtido pelo Brasil no período. Apenas em 2024, o mercado chinês absorveu 28% das exportações brasileiras e foi responsável por 24% das importações.
Ao comentar o futuro da parceria entre Brasil e China, Pestana enfatizou que as perspectivas são “excelentes”: “Você tem um cenário de uma demanda muito grande, fruto desse crescimento da economia chinesa, e o Brasil produz produtos que são particularmente demandados pela China. Então, você vai continuar a ter um desempenho muito positivo em setores como agronegócio e mineração”, disse.