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      “Bolsonaro quer levar o golpe às últimas consequências”, diz Alfredo Attié

      Jurista afirma que ações de Bolsonaro e aliados são tentativa contínua de ruptura institucional e ameaça à democracia brasileira

      (Foto: ABR | Divulgação )
      Dafne Ashton avatar
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      247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o jurista Alfredo Attié afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu entorno seguem atuando para desestabilizar o regime democrático brasileiro, mesmo após o fracasso do golpe de 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, “Bolsonaro quer levar o golpe às últimas consequências”.

      A declaração foi dada durante análise da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o bloqueio de contas bancárias e perfis de pagamento de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Attié classificou a medida como “absolutamente constitucional” e associou a atuação do deputado à articulação de ataques contra o Estado Democrático de Direito desde o exterior. “É um momento muito estranho do país em que uma pessoa que sai do Congresso Nacional... vai aos Estados Unidos e começa a tramar contra o Brasil”, disse. “Esse crime que ele está cometendo é de extrema gravidade”.

      A crise criada para desestabilizar o país

      Para o jurista, o que está em curso não é apenas um desrespeito isolado à Constituição, mas parte de um movimento político orquestrado e contínuo. “Eles estão querendo levar até as últimas consequências o golpe que eles planejaram e executaram, mas foram frustrados na sua execução”, afirmou. Attié explicou que tanto Jair quanto Eduardo Bolsonaro mantêm discursos e ações que atentam contra a ordem jurídica brasileira, como a recusa em reconhecer a autoridade do Judiciário e o estímulo à ideia de que não haverá eleições em 2026.

      Segundo ele, essas atitudes devem ser interpretadas não apenas como crimes comuns, mas como tentativas sistemáticas de deslegitimar a democracia brasileira. “Eles continuam a fazer ameaças... Bolsonaro não tem nenhum respeito pelo Poder Judiciário. Ele tenta burlar as regras constantemente. Isso é da própria natureza da atuação dele”, analisou.

      Ligação com a extrema direita internacional

      Attié contextualizou essas ações dentro de uma estratégia global de forças autoritárias. “Eles pertencem a essa ordem internacional da extrema direita... são feitores da ordem neoliberal, das grandes corporações”, explicou. Para ele, trata-se de um alinhamento com um projeto político que rejeita soberania, pluralismo e direitos civis. “Eles não respeitam a ordem jurídica. Não reconhecem que existe soberania no Brasil. Nunca reconheceram. Não reconhecem que existe democracia, cidadania, pluralismo político, dignidade da pessoa humana”, afirmou.

      O jurista também apontou a solidariedade que Bolsonaro e aliados têm recebido de lideranças estrangeiras de extrema direita, como o primeiro-ministro da Hungria e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como prova de que há uma articulação transnacional para enfraquecer democracias. “Hoje há uma conexão dessa extrema direita internacional”, alertou.

      Prisão de Bolsonaro e Eduardo é juridicamente possível

      Questionado sobre os pedidos de prisão preventiva de Jair e Eduardo Bolsonaro, protocolados pelo Partido dos Trabalhadores, Attié disse que há base jurídica para decretar a medida. “É absolutamente possível... Para garantir o cumprimento da lei penal, é possível decretar prisão. Só que nesse caso, como ele está em território estrangeiro, tem que seguir esse trâmite”, afirmou, referindo-se ao processo de cooperação com autoridades dos Estados Unidos para efetivar uma eventual extradição.

      Ele também defendeu a possibilidade de medidas cautelares adicionais, como a suspensão das redes sociais de Eduardo Bolsonaro, caso sejam utilizadas para incitar crimes ou tumultuar o processo judicial. “As redes sociais estão servindo para ele persistir no cometimento do crime”, observou.

      A atuação do STF diante das ameaças

      Attié elogiou a postura do Supremo Tribunal Federal, particularmente do ministro Alexandre de Moraes, ao destacar que o Judiciário deve seguir estritamente o que prevê a Constituição, mesmo sob pressão. “O tempo do Judiciário é o tempo da lei”, disse. “O Supremo está fazendo exatamente o que tem de fazer”.

      Para o jurista, o julgamento de Bolsonaro e de seus aliados representa um marco inédito na história brasileira: “Estamos vendo os herdeiros da última ditadura brasileira de altas patentes militares e de altos cargos civis serem julgados e responsabilizados. Isso gera toda essa resistência dessas forças retrógradas que continuam firmes no Brasil”. Assista: 

       

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