“Bolsonaro não é um preso político. Ele é um político preso”, diz Maria do Rosário

247 - A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) afirmou em entrevista ao programa Boa Noite 247, que o ex-presidente Jair Bolsonaro não pode ser tratado como um preso político, e sim como um político que está sendo responsabilizado por crimes contra a democracia brasileira. A declaração foi feita no contexto da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro por descumprimento de medidas cautelares no âmbito do inquérito que investiga a trama golpista.

“Bolsonaro não é um preso político. Bolsonaro não está sendo decretada uma prisão política. Ele é um político preso”, disse a deputada. “Ele é alguém da política preso por atacar as instituições brasileiras, por tentar um golpe de Estado, por coordenar ações que corromperam dentro do próprio governo e do Estado profissionais nas mais diversas áreas, nas Forças Armadas, no serviço público, na ABIN, para realizar um atentado e morte do Lula, do presidente da República, do vice-presidente da República, de um ministro do Supremo.”

Durante a entrevista, Maria do Rosário ressaltou que a prisão domiciliar imposta pelo STF responde a uma escalada de violações. No domingo (3), durante atos da extrema direita em várias cidades do país, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, publicou um vídeo em suas redes sociais com a manifestação de seu pai — prática proibida por decisão judicial. A ministra destacou que a atitude configura novo descumprimento de medida cautelar por parte de Bolsonaro.

“Ele está cometendo crime, mesmo com a medida de tornozeleira e de impedimento de estar nessas manifestações ou estar nas ruas. [...] Não é a decisão de Alexandre de Moraes contra os manifestantes que estão lá. [...] Mas é contra um réu que está atacando a decisão do Supremo e descumprindo propositalmente para tensionar o país e apoiar as ações criminosas que continuam acontecendo contra o Brasil”, afirmou.

Segundo a deputada, a insistência de Bolsonaro em desrespeitar as determinações judiciais é uma tentativa deliberada de gerar instabilidade institucional: “Neste momento, é possível inclusive que ele esteja apostando num acirramento, porque os seus gestos, a sua atitude em relação aos atos de ontem foi a de participação.”

Maria do Rosário defendeu a atuação do ministro Alexandre de Moraes ao determinar a prisão domiciliar e o uso de tornozeleira eletrônica: “Ou ele toma uma medida ou desmoraliza a própria autoridade que ele representa neste momento.”

A parlamentar também criticou a estratégia internacional articulada por aliados do ex-presidente, como o deputado Eduardo Bolsonaro, para pressionar o Judiciário brasileiro por meio de instituições estrangeiras. “É uma mentira das piores que é contada por Eduardo Bolsonaro e que vem através de ofícios e cartas dos Estados Unidos e do Departamento de Estado contra o Brasil, principalmente quando utilizam a dimensão dos direitos humanos como uma justificativa para o ataque, na verdade para as sanções que estão produzindo contra Alexandre de Moraes.”

A decisão de Moraes também atinge os filhos de Bolsonaro, que tiveram participação direta na divulgação das mensagens do ex-presidente. O ministro apontou que houve uso reiterado de redes sociais de terceiros para driblar a proibição imposta ao ex-mandatário. Além da prisão domiciliar, a medida determina o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de visitas (exceto familiares e advogados) e recolhimento de todos os celulares no endereço de Bolsonaro.

Ao finalizar, Maria do Rosário rejeitou qualquer tentativa de vitimização do ex-presidente: “Possivelmente pagou para ver, mas não é para se ter pena dele, não, em nenhum aspecto, porque por trás de tantos crimes existe esta mão danosa contra o Brasil que ele representa.” Assista: